Tiririca na Comissão de Educação
Eu também estou preocupado, mas nem tanto. Na contramão da opinião geral, talvez seja por aí mesmo que surjam novas ideias, partidas exatamente daqueles de quem não esperamos nada.
A representação política é construída a partir de todas as classes sociais e culturais, e não apenas das mais favorecidas em termos de educação formal. Sempre valorizando a educação como instrumento de progresso intelectual, pessoal e econômico e condição para o desenvolvimento das nações, entendo, porém, que pessoas com pouca instrução também representam a sociedade. A partir do momento em que pessoas pobres e não instruídas passam a falar em nome de outras pessoas pobres e não instruídas, na sociedade e nos parlamentos, talvez estejam representando melhor a sociedade do que fariam os doutores!
A profissão do Tiririca, por si só, não pode afastá-lo do direito de pretender representar aqueles que o elegeram, de maneira consciente ou como forma de protesto. Na condenação do Tiririca, vemos uma dose constrangedora de preconceito, que é um conceito antecipado sobre uma realidade que não conhecemos ou que conhecemos pouco.
Não podemos esquecer que, por oito anos, tivemos no poder um presidente que contava com apenas a 4ª série do Ensino Fundamental e que, certo ou errado, saiu com mais de 80% de aprovação, inclusive da classe média e dos intelectuais. Na política o que mais importa não é o fato de saber ou não escrever, pois para isto se tem a assessoria, mas a sensibilidade para conhecer, interpretar e viabilizar a vontade e a necessidade da população.
Prefiro esperar para ver. Talvez Tiririca nos faça morrer de vergonha por ter acreditado em suas possibilidades, ou de arrependimento, por não ter votado nele. Afinal, palhaço por palhaço, prefiro um que me faça rir a outro me roube.
JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO|Promotor de Justiça
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