domingo, 18 de setembro de 2011

Tie-break na Fazenda: Tonollier terá de lidar com alta de R$ 600 milhões nos gastos do RS em 2012

Orçamento apertado e com pouca margem de manobra desafiam secretário



Acima de tudo, um bom tenista deve aliar duas características aparentemente contraditórias à primeira vista: calma e ousadia. Sangue frio para tentar adivinhar com precisão a jogada do adversário. E ímpeto para fazer o movimento com velocidade e arrojo num canto indefensável para o seu oponente. Sem falar na mente totalmente focada na partida, evitando qualquer descuido que possa significar a perda de pontos e, com isso, prejudicar o objetivo maior de vencer o jogo.

O tenista amador Odir Tonollier leva bem a sério as regras do esporte que pratica todas as semanas quando exerce o cargo de secretário mais importante do governo do Estado. Se tenista tem ou não jogo de cintura, isso não importa. O responsável pelo cofre do Tesouro gaúcho precisa muito dessa habilidade para dar respostas, às vezes duras, à série de reivindicações de liberações de verba que, invariavelmente, aterrissam no antigo prédio da Avenida Mauá, de frente para o Guaíba, documentos assinados sempre com uma caneta dos Beatles.

Maleabilidade e constante visão à procura de novos caminhos são exigidas de quem tem pela frente um orçamento bem apertado e com pouca margem de manobra. E que, ao final de dezembro, terá um déficit orçamentário de R$ 600 milhões e investimentos de apenas R$ 800 milhões para uma receita líquida de R$ 20 bilhões, levando em conta as necessidades da sociedade gaúcha. E foi um pouco em torno de como equilibrar essas exigências que girou a longa conversa com ZH, em mais uma recente e cinza manhã do chuvoso inverno deste ano. Confira alguns trechos:

Situação das finanças
Houve uma melhora estrutural das finanças. Até 1998, era um caos, o Estado emitia títulos para fazer frente ao déficit. Um círculo vicioso.

Em 1999, foi paga a primeira parcela da dívida, o que vem sendo feito até hoje e se estenderá até 2027. O acordo, que prevê pagamento pesado de 13% da receita, estancou o crescimento da dívida, organizou as finanças, os salários não atrasaram mais, mas os investimentos ainda são pequenos. Neste ano, por exemplo, serão R$ 800 milhões com recursos próprios, e 60% da receita é destinada ao pagamento de pessoal. O restante fica com custeio da máquina e o pagamento da dívida.

Mas, neste ano, pela primeira vez, foi aberto espaço para obtermos financiamento, é uma nova realidade.

2012, um ano complicado
No ano passado, tivemos crescimento da receita de 18%. Não repetiremos o índice em 2011. Ficaria satisfeito com a metade disso. A retração da economia ainda não chegou à Fazenda, mas chegará. E teremos despesas que vão mudar a estrutura da receita do Estado.

Precisaremos deslocar receitas para educação e saúde por mudanças na legislação e, por necessidade real, para a segurança. Serão R$ 600 milhões, além da inflação, para educação e saúde, sem contar o valor já previsto para cumprir as exigências de mudanças com piso nacional e mais verba para serviços de saúde. É um grande desafio. Para cumprir essas prioridades, o déficit vai aumentar.


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