Caio Júnior sobre Miralles:

 "Sinto que ele não está

feliz aqui"

Grêmio quer recuperar ao menos parte dos US$ 2,3 milhões gastos na contratação do argentino

Empresário do atacante já admite que jogador deve "começar vida nova em outro lugar"Foto: Isadora Neumann / Agência RBS

É mera questão de tempo. E de permitir ao Grêmio recuperar ao menos parte dos US$ 2,3 milhões gastos na contratação. Sete meses após ter chegado do Colo-Colo, o atacante Miralles deixará o Olímpico sem a glória projetada no dia do desembarque, quando gremistas se acotovelaram no saguão do Salgado Filho para saudá-lo.

Nesta sexta-feira, Caio Júnior fez um breve, mas definitivo diagnóstico sobre o que atrapalha o rendimento do argentino:

— Sinto que ele não está feliz aqui. É uma questão particular do jogador — disse o técnico.

Quarta-feira, depois do jogo em Canoas, Caio já havia dito que Miralles perdera espaço por fraco desempenho em jogos e treinamentos. Escalado na estreia no Gauchão, nem ao menos foi relacionado para a partida seguinte. Assim, o "jeito é começar vida nova em outro lugar", admite Rogério Braun, empresário do jogador. 

PARTICIPE: Na sua opinião, Miralles deve sair do Grêmio?

É certo que não será fora do Brasil. Conforme Braun, os dissabores vividos aqui não diminuíram a admiração do jogador pelo futebol brasileiro. No ano passado, ele rejeitou uma oferta do Universidad de Chile por não se imaginar jogando em outro clube naquele país que não seja o Colo-Colo. O Vasco chegou a demonstrar interesse, mas não oficializou proposta.

Braun só lamenta que Miralles não tenha obtido sequência de jogos como outros atacantes do clube. Ao todo, foram 20 participações, a maior parte delas entrando no decorrer das partidas, algumas nos minutos finais. Uma frustração para quem chegara do Chile com fama, após boa participação na Libertadores.

A origem dos problemas do argentino pode estar no seu jeito introvertido. Apesar de bem relacionado no vestiário, conforme atestam seus companheiros, Miralles não é jogador de falar muito. Como não fala português e arrisca poucas palavras, a maior parte dos amigos é formada por argentinos. Passeios e jantares são coisa rara. Já foi algumas vezes a Gramado. Quando sai, Braun costuma ser o parceiro mais procurado.

— Ele é autêntico. Não é o jogador que pula na tela para comemorar gol. Não é marqueteiro, não é de jogar para a torcida — observa o empresário.

Uma tentativa de aproximação com vizinhos foi frustrada no início do ano. Ao retornar das férias, Miralles e a mulher souberam que a casa que alugavam havia sido colocada à venda pelo proprietário. Agora, enquanto procura outra, mora em um apartamento no Hotel Deville, na zona norte da Capital, local onde o Grêmio concentra antes das partidas. Quarta-feira, enquanto os outros jogadores almoçavam, ele deixou o hotel de braços dados com a mulher e carregando uma bolsa. Fora do jogo, não teve outro recurso que não fosse sair para um passeio.