quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Após dia de confusões, Mocidade Alegre é declarada campeã do Carnaval de São Paulo


Reunião entre os presidentes das escolas e a Liga Independente terminou no final da noite de terça-feira


 

Após dia de confusões, Mocidade Alegre é declarada campeã do Carnaval de São Paulo Andre Penner/AP
Mocidade Alegre retratou os 100 anos de Jorge Amado, inspirada na obra "Tenda dos Milgares" Foto: Andre Penner / AP

Após reunião que contou com os presidentes das agremiações, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo declarou, no final da noite de terça-feira, a Mocidade Alegre como campeã do Carnaval 2012. O anúncio foi feito após uma série de brigas e confusões interromper a apuração dos desfiles quando eram lidas as notas dos últimos quesitos, ainda na tarde de terça.

No início da madrugada desta quarta-feira, a Mocidade Alegre recebeu o troféu de campeã. A Rosas de Ouro ficou na segunda colocação, enquanto a Vai-Vai terminou em terceiro.

O presidente da Liga, Paulo Sérgio Ferreira, disse que a decisão foi mantida por sete votos a cinco após cinco horas de reunião. O artigo 29 do regulamento prevê uma média das notas quando alguma delas falta.

Entenda o caso
O sambódromo paulistano se transformou em uma praça de guerra na tarde de terça-feira durante a apuração do resultado do Carnaval 2012, com agressões, tumulto e até carro alegórico queimado. Duas pessoas foram presas.

Quando faltavam só duas notas do quesito comissão de frente para que a campeã fosse conhecida — quem liderava era a Mocidade Alegre —, um integrante da Império da Casa Verde invadiu a área restrita, agrediu o locutor com um chute, tomou os papéis com o resultado e fugiu.

Integrantes de outras escolas, entre elas Gaviões da Fiel, Vai-Vai e Camisa Verde e Branco, também pularam as grades de proteção e passaram a jogar para o alto os papéis com as notas do Carnaval 2012. A confusão se alastrou com a saída dos torcedores que estavam no Anhembi, na zona norte paulistana.

Membros da Gaviões fecharam uma das três pistas da marginal Tietê sentido rodovia Castello Branco e começaram a seguir em direção à quadra da escola, no Bom Retiro, Região Central. Logo após passarem ao lado da área de dispersão, onde os carros que desfilaram na sexta e no sábado estão guardados, teve início um incêndio.

Um carro da escola Pérola Negra queimou por inteiro. O fogo só não se espalhou porque funcionários do sambódromo e o Corpo de Bombeiros foram rápidos. A apuração já havia começado com clima tenso. Representantes das escolas foram convocados para uma reunião em que foi informada uma troca de jurados.

Segundo a Liga Independente das Escolas de Samba, jurados dos quesitos samba-enredo e mestre-sala e porta-bandeira foram trocados por suplentes na quinta, o que é previsto no regulamento. O presidente da Vai-Vai, Darly Silva, reclamou:

— Estão beneficiando essa daí (Mocidade), que só tira 10.

Os dois presos foram Tiago Ciro Tadeu Faria, 29, integrante da Império de Casa Verde que deflagrou a confusão, e Cauê Santos Ferreira, 20, da Gaviões. Os dois serão indiciados sob suspeita de dano ao patrimônio público e supressão de documentos. Em seus depoimentos, eles disseram que havia um acordo para que não houvesse campeã neste ano. A confusão, disseram, foi planejada. Ambos permanecem presos.

A campeã
Este ano, a Mocidade apresentou um enredo baseado no livro Tenda do Milagres, de Jorge Amado (1912 — 2001), que terá seu centenário celebrado no dia 10 de agosto. Tratando de temas como a escravidão e a cultura afro-brasileira, a escola abordou questões da história do país presentes na obra do escritor baiano, como o sincretismo religioso e a mestiçagem.

Um dos destaques foi uma ala que contou com sapateadores com fivelas em formato de coração nos pés, representando orixás das religiões afro-brasileiras como Xangô, Iansã, Iemanjá e Ogum. No início de janeiro, o galpão da escola, embaixo do viaduto Pompeia, na zona oeste de São Paulo, foi atingido por um incêndio.

Os carros alegóricos tiveram de ser concluídos no próprio sambódromo do Anhembi. Os demais preparativos da Mocidade foram descentralizados em diferentes endereços.

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