Pai de santo abençoa PMs grevistas que invadiram a Assembleia Legislativa baiana
"Mentor espiritual" bateu sineta junto aos soldados do exército que cercam o local ocupado por PMs
Os grevistas da PM baiana, que cruzaram braços há nove dias, contam com proteção espiritual na sua luta. É o que garante o Pai Zé Carlos de Omolum, um pai de santo que na tarde desta quarta-feira ofereceu uma bênção especial para os policiais que invadiram a Assembleia Legislativa baiana.
Famoso nas imediações do Mercado Modelo de Salvador, Pai Zé Carlos se diz "mentor espiritual" dos PMs e nesta quarta-feira se postou em frente aos militares do Exército que cercam os grevistas aquartelados na sede do Legislativo. O relligioso bateu sineta junto ao rosto dos soldados do Exército, fez preces e jogou uma pomba branca, que acabou pousando sobre o ombro de um dos militares — mas foi logo espantada.
— A pomba é pra que cessem esses conflitos todos e a Bahia tenha um Carnaval de paz — resumiu Zé Carlos, antes de se despedir.
Os PMs grevistas não perderam a oportunidade de brincar com seus oponentes de farda do Exército.
— Cês vão ficar tudo impotentes, o Pai Zé Carlos é poderoso — gritava um dos grevistas, acompanhado de gargalhadas dos demais.
No dia de hoje não aconteceram conflitos. Por enquanto.
Em reunião com o governador Jaques Wagner (PT), empresários obtiveram a garantia de que serão incrementadas negociações para que a greve dos PMs acabe antes do Carnaval.
Clima de insegurança na Bahia:
Tropas nas ruas, população amedrontada, cancelamento de até 20% dos pacotes de viagens na época mais produtiva do ano. Esse é o cenário com que os baianos se deparam nesse início de fevereiro, em decorrência da greve dos policiais militares, a maior da sua história.
Ainda não se fala oficialmente em cancelamento do Carnaval, expressão que começa a tomar conta das redes sociais na internet. Mas o empresariado baiano vê risco, sim, do evento ser uma pálida mostra daquela que é considerada a maior festa de rua do Brasil, a folia momesca de Salvador.
Os empresários calculam que o prejuízo, por baixo, é de R$ 250 milhões desde o início da greve. Isso devido ao fechamento dos shopping centers antes do anoitecer, nas lojas com cortina abaixada mesmo durante o dia e, sobretudo, com espetáculos que deixaram de ser realizados — e a Bahia vive de shows, nessa época do ano.
O cantor Gerônimo, um dos mais populares divulgadores de marchinhas carnavalescas em Salvador, veio a público pedir que os policiais suspendam a paralisação.
— O Carnaval é maior que as divergências. Sejam patriotas, vocês também têm família — conclamou, em entrevista coletiva na terça-feira.
O governador Jaques Wagner tenta seduzir os policiais para sua proposta. Ele oferece 6,5% de reajuste, retroativo a janeiro, além de prometer novos aumentos em 2013. Mas o presidente da Associação dos Policiais, Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco (que saiu da PM em outra greve, há uma década), já adianta, em entrevista concedida por telefone desde a Assembleia Legislativa (onde ele está trancado com outros 500 grevistas), que "os 6,5% é um aumento linear para todo servidor público, então o soldo (salário dos militares) fica abaixo do mínimo".
Na realidade, o grande impasse está em outro ponto: as ordens de prisão contra líderes grevistas que só entram em acordo com o governo se for revogada a prisão preventiva decretada contra 12 policiais — dois dos quais já foram presos. Prisco diz que isso é questão de honra e que, se o governo desejar, pode sugerir à Procuradoria de Justiça que peça a revogação das prisões.
Famoso nas imediações do Mercado Modelo de Salvador, Pai Zé Carlos se diz "mentor espiritual" dos PMs e nesta quarta-feira se postou em frente aos militares do Exército que cercam os grevistas aquartelados na sede do Legislativo. O relligioso bateu sineta junto ao rosto dos soldados do Exército, fez preces e jogou uma pomba branca, que acabou pousando sobre o ombro de um dos militares — mas foi logo espantada.
— A pomba é pra que cessem esses conflitos todos e a Bahia tenha um Carnaval de paz — resumiu Zé Carlos, antes de se despedir.
Os PMs grevistas não perderam a oportunidade de brincar com seus oponentes de farda do Exército.
— Cês vão ficar tudo impotentes, o Pai Zé Carlos é poderoso — gritava um dos grevistas, acompanhado de gargalhadas dos demais.
No dia de hoje não aconteceram conflitos. Por enquanto.
Em reunião com o governador Jaques Wagner (PT), empresários obtiveram a garantia de que serão incrementadas negociações para que a greve dos PMs acabe antes do Carnaval.
Clima de insegurança na Bahia:
Tropas nas ruas, população amedrontada, cancelamento de até 20% dos pacotes de viagens na época mais produtiva do ano. Esse é o cenário com que os baianos se deparam nesse início de fevereiro, em decorrência da greve dos policiais militares, a maior da sua história.
Ainda não se fala oficialmente em cancelamento do Carnaval, expressão que começa a tomar conta das redes sociais na internet. Mas o empresariado baiano vê risco, sim, do evento ser uma pálida mostra daquela que é considerada a maior festa de rua do Brasil, a folia momesca de Salvador.
Os empresários calculam que o prejuízo, por baixo, é de R$ 250 milhões desde o início da greve. Isso devido ao fechamento dos shopping centers antes do anoitecer, nas lojas com cortina abaixada mesmo durante o dia e, sobretudo, com espetáculos que deixaram de ser realizados — e a Bahia vive de shows, nessa época do ano.
O cantor Gerônimo, um dos mais populares divulgadores de marchinhas carnavalescas em Salvador, veio a público pedir que os policiais suspendam a paralisação.
— O Carnaval é maior que as divergências. Sejam patriotas, vocês também têm família — conclamou, em entrevista coletiva na terça-feira.
O governador Jaques Wagner tenta seduzir os policiais para sua proposta. Ele oferece 6,5% de reajuste, retroativo a janeiro, além de prometer novos aumentos em 2013. Mas o presidente da Associação dos Policiais, Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco (que saiu da PM em outra greve, há uma década), já adianta, em entrevista concedida por telefone desde a Assembleia Legislativa (onde ele está trancado com outros 500 grevistas), que "os 6,5% é um aumento linear para todo servidor público, então o soldo (salário dos militares) fica abaixo do mínimo".
Na realidade, o grande impasse está em outro ponto: as ordens de prisão contra líderes grevistas que só entram em acordo com o governo se for revogada a prisão preventiva decretada contra 12 policiais — dois dos quais já foram presos. Prisco diz que isso é questão de honra e que, se o governo desejar, pode sugerir à Procuradoria de Justiça que peça a revogação das prisões.
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