quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

US$ 800 milhões deixam de entrar na Argentina por causa de medida protecionista


Estimativa é de produtos que não atravessaram a fronteira do Brasil só na primeira quinzena de fevereiro


 

Novos entraves comerciais impostos pela Argentina no início de fevereiro já se refletem em US$ 800 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) em produtos que não atravessaram a fronteira do Brasil só na primeira quinzena deste mês.

A estimativa da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI) leva em conta os dois principais pontos de saída de mercadorias para o país vizinho: Uruguaiana e São Borja, que respondem por 98% da passagem de produtos.

Saiba mais: o que mudou
Pelo menos 40% desse volume está parado no Brasil, e o restante nem deve mais entrar no país vizinho — está sendo redirecionado para outros mercados.

— Mesmo que os produtos parados consigam entrar, as empresas brasileiras deixaram de exportar essas mercadorias no momento oportuno. No ano passado, entraves existiam, mas não eram tão intensos. O tempo de espera era menor — explica Tadeu Campelo Filho, assessor jurídico da ABTI.

As expectativas não são boas. Campelo argumenta que o Ministério da Indústria da Argentina está incentivando os empresários a produzir no país o que mais importam.

Também contribui para a redução dos embarques o custo das novas licenças exigidas. Cada encaminhamento de declaração juramentada custa, em média, US$ 200.

Moveleiros redirecionam produtos para a África

A ABTI calcula que o prejuízo para o setor de transporte dos 476 embarques que não se concretizaram em fevereiro é de US$ 2,38 milhões. Do início do mês até agora, a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) aponta que só 30% dos pedidos foram liberados.

Coordenador do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior da entidade, Cezar Müller destaca que a cada ano a Argentina lança uma nova barreira comercial, o que tem prejudicado os setores que mais exportam, o de calçados e o de móveis.

O setor moveleiro registrou alta de 12% nas vendas externas nos primeiros 45 dias do ano em relação a igual período de 2011, segundo o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul, Ivo Cansan. O dirigente diz que o aquecimento se deve ao redirecionamento das exportações:

— Pelo menos 30% do que era exportado para a Argentina está indo para a África ou para o Uruguai.

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