Encurralados pela violência, moradores usam faixas e cartazes em apelo por mais segurança na Capital
Pedidos de socorro escancaram o desespero dos cidadãos, mas acabam tendo pouco efeito prático
Aposentado Mário Paim faz apelo público em busca de mais segurança
Além de grades, alarmes e câmeras de vigilância, a violência vem acrescentando “um item de segurança” à entrada de casas e prédios da Capital: faixas com pedidos de socorro por escrito.
As manifestações se reproduzem há mais de uma década, sensibilizam as autoridades e fazem ações serem adotadas de imediato, mas as medidas têm vida curta. Passado um determinado período, o assunto deixa de ser prioridade e a situação volta ao que era antes, ensejando novos protestos como o mais recente deles, na Rua Portugal.
Mas, afinal, resolve ou não apelar para esse tipo de expediente? Para quem estuda as relações sociais entre comunidades e o poder público, como o sociólogo Juan Mario Fandino Mariño, a resposta é sim e, ao mesmo tempo, não.
— Faço uma analogia com o corpo humano. É bom ter febre? Não. Mas ela serve para indicar que há um problema que o corpo não pode resolver sozinho. O protesto é a maneira mais eficiente das comunidades pedirem ajuda. Elas não têm mais o que fazer pela falta de uma ligação estreita com as polícias e com a Justiça. Se colocar faixas resolve o problema por pouco tempo, pior seria sem elas — analisa o professor.
Exemplo disso é o que acontece na Rua Portugal, uma via de 1,4 mil metros entre os bairros São João e Higienópolis, castigada pela ação de bandidos por ter acesso fácil a vias de grande fluxo e rotas de fugas da Capital como a Avenida Assis Brasil.
A saga da Portugal se deve, em grande parte, aos ladrões de carro. Até outubro, a média de veículos levados por criminosos chegava a sete por mês. Naquela época, o roubo de um EcoSport ganhou destaque nacional (leia ao lado). Dias depois, um morador escapou de ser morto a tiros ao fugir dando marcha a ré por uma quadra.
Alarmada, a comunidade criou o Conselho de Segurança da Rua Portugal. Foram estendidas 30 faixas de protestos – bancadas por um morador dono de gráfica – diante de moradias. Organizou-se uma passeata.
O movimento provocou reações. O 11º Batalhão de Polícia Militar se reuniu com moradores e reforçou o policiamento. Números de telefones direto com o quartel mais próximo foram deixados com moradores e comerciantes, e os índices de assaltos despencaram. Parte das faixas por segurança foram recolhidas, mas tiveram de ser penduradas novamente. Na quinta-feira, eram 16.
— A gente até já conhecia os PMs. Sempre estavam por aqui. Mas, a partir de dezembro, não se viu mais policiamento, e os assaltantes voltaram — lamenta Rodrigo Noll, 23 anos, dono de agência de viagens.
Em meados de janeiro, uma mulher foi rendida por um criminoso armado com uma faca no portão de um prédio e acabou violentada. Às 18h de sexta-feira, dois bandidos armados limparam o caixa de uma mercearia e levaram celular e pertences.
— Houve descaso da BM. Ligamos na hora para os dois números dos batalhões que nos passaram e falaram que já estavam indo. Às 21h, telefonamos novamente, mas para o 190, e disseram que nem estava registrado nosso pedido de ajuda — reclama a comerciante Milla Meleu.
Ontem, integrantes do Conselho de Segurança se reuniram para projetar novas manifestações.
— Mesmo que os PMs tenham parado de passar, o que não pode é a gente parar de reivindicar — afirma o comerciante Paulo Cunha, 59 anos, que contabiliza quatro assaltos sofridos por familiares e pendurou na frente de casa uma cartaz contendo uma cruz e a frase “Aqui jaz segurança”.
— Infelizmente, essas coisas só funcionam sob pressão – acrescenta o aposentado Mário Antônio Mota Paim, 61 anos.
As manifestações se reproduzem há mais de uma década, sensibilizam as autoridades e fazem ações serem adotadas de imediato, mas as medidas têm vida curta. Passado um determinado período, o assunto deixa de ser prioridade e a situação volta ao que era antes, ensejando novos protestos como o mais recente deles, na Rua Portugal.
Mas, afinal, resolve ou não apelar para esse tipo de expediente? Para quem estuda as relações sociais entre comunidades e o poder público, como o sociólogo Juan Mario Fandino Mariño, a resposta é sim e, ao mesmo tempo, não.
— Faço uma analogia com o corpo humano. É bom ter febre? Não. Mas ela serve para indicar que há um problema que o corpo não pode resolver sozinho. O protesto é a maneira mais eficiente das comunidades pedirem ajuda. Elas não têm mais o que fazer pela falta de uma ligação estreita com as polícias e com a Justiça. Se colocar faixas resolve o problema por pouco tempo, pior seria sem elas — analisa o professor.
Exemplo disso é o que acontece na Rua Portugal, uma via de 1,4 mil metros entre os bairros São João e Higienópolis, castigada pela ação de bandidos por ter acesso fácil a vias de grande fluxo e rotas de fugas da Capital como a Avenida Assis Brasil.
A saga da Portugal se deve, em grande parte, aos ladrões de carro. Até outubro, a média de veículos levados por criminosos chegava a sete por mês. Naquela época, o roubo de um EcoSport ganhou destaque nacional (leia ao lado). Dias depois, um morador escapou de ser morto a tiros ao fugir dando marcha a ré por uma quadra.
Alarmada, a comunidade criou o Conselho de Segurança da Rua Portugal. Foram estendidas 30 faixas de protestos – bancadas por um morador dono de gráfica – diante de moradias. Organizou-se uma passeata.
O movimento provocou reações. O 11º Batalhão de Polícia Militar se reuniu com moradores e reforçou o policiamento. Números de telefones direto com o quartel mais próximo foram deixados com moradores e comerciantes, e os índices de assaltos despencaram. Parte das faixas por segurança foram recolhidas, mas tiveram de ser penduradas novamente. Na quinta-feira, eram 16.
— A gente até já conhecia os PMs. Sempre estavam por aqui. Mas, a partir de dezembro, não se viu mais policiamento, e os assaltantes voltaram — lamenta Rodrigo Noll, 23 anos, dono de agência de viagens.
Em meados de janeiro, uma mulher foi rendida por um criminoso armado com uma faca no portão de um prédio e acabou violentada. Às 18h de sexta-feira, dois bandidos armados limparam o caixa de uma mercearia e levaram celular e pertences.
— Houve descaso da BM. Ligamos na hora para os dois números dos batalhões que nos passaram e falaram que já estavam indo. Às 21h, telefonamos novamente, mas para o 190, e disseram que nem estava registrado nosso pedido de ajuda — reclama a comerciante Milla Meleu.
Ontem, integrantes do Conselho de Segurança se reuniram para projetar novas manifestações.
— Mesmo que os PMs tenham parado de passar, o que não pode é a gente parar de reivindicar — afirma o comerciante Paulo Cunha, 59 anos, que contabiliza quatro assaltos sofridos por familiares e pendurou na frente de casa uma cartaz contendo uma cruz e a frase “Aqui jaz segurança”.
— Infelizmente, essas coisas só funcionam sob pressão – acrescenta o aposentado Mário Antônio Mota Paim, 61 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário