sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"Se anistiar, aí vira um país sem regra", diz Dilma sobre PMs grevistas na Bahia

PMs baianos condicionam fim da greve a anistia total e imediata aos manifestantes

Enviar para um amigo
"Se anistiar, aí vira um país sem regra", diz Dilma sobre PMs grevistas na Bahia Eduardo Martins/AE
Policiais grevistas e familiares desocuparam prédio da Assembleia baiana nesta quinta-feiraFoto: Eduardo Martins / AE
Dilma Roussef se mostrou categoricamente contra a anistia dos policias grevistas da Bahia. Em rápida entrevista ao vistoriar obras da ferrovia Transnordestina, em Parnamirim, sertão pernambucano, a 561 quilômetros do Recife, a presidente disse que não se pode anistiar crimes e atos ilícitos.

— Por reivindicar, as pessoas não têm de ser presas nem condenadas, mas por atos ilícitos, por crimes contra o patrimônio, crimes contra a pessoa e contra a ordem pública, não pode ser anistiado — disse — Se anistiar, aí vira um país sem regra — concluiu.

A presidente afirmou que o Brasil tem atualmente uma visão de garantia da lei e da ordem muito moderna. 

— Nós não consideramos que seja correto instaurar o pânico, instaurar o medo e criar situações que não são compatíveis com a democracia. Não concordo em alguns casos, de maneira alguma, com processo de anistia que parece sancionar qualquer ferimento da legalidade, não concordo e não vou concordar — enfatiza. 

Segundo ela, numa democracia sempre se tem que considerar legítimas as reivindicações, mas há forma de reivindicar. 

— Não considero que aumento de homicídios na rua, queima de ônibus, entrada em ônibus encapuzados, sejam uma forma correta de conduzir o movimento — acrescentou ela, que disse ter ficado "estarrecida" ao assistir as gravações entre líderes de movimentos da Polícia Militar divulgadas pela TV Globo na noite de ontem. 

— Há outros interesses envolvendo toda essa paralisação — completa. 

A presidente disse aguardar com muita expectativa o desenrolar de todos os acontecimento e garantiu que o governo federal vai agir prontamente com suporte e apoio aos governadores sempre que eles peçam. 

— Em os governos solicitando, terão presença garantida do governo federal em todas essas questões — finaliza. 

Os policiais militares baianos decidiram continuar em greve mesmo após adesocupação da Assembleia Legislativa, em Salvador, no início da manhã desta quinta-feira. Centenas de PMs reuniram-se em um ginásio pertencente ao sindicato dos bancários, localizado na Ladeira dos Aflitos, no bairro Campo Grande.

O grupo pede anistia total e imediata a todos que participaram da mobilização e revogação da prisão preventiva a 12 líderes do movimento — dos quais cinco já foram detidos. Além disso, eles querem o pagamento imediato da Gratificação de Atividade Policial (GAP) 4.

Para eles, o fato do líder da revolta, o ex-policial Marco Prisco, ter se entregado não significa uma derrota.

O grupo espera juntar, até o final do dia, 3 mil manifestantes no ginásio. 

Confira na linha do tempo, o histórico da greve dos PMs baianos:

31 de janeiro


Foto: Margarida Neide/AE

Após assembleia de uma das nove associações que representam a categoria, PMs entram em greve por tempo indeterminado na Bahia. O governo não reconhece o movimento.

1º de fevereiro

 
Foto: RAUL SPINASSÉ/AE

Por meio de liminar, a Justiça decreta a ilegalidade da greve de policiais militares. Começam a chegar a Salvador contingentes da Força Nacional de Segurança e do Exército para atuar no policiamento. Policiais em greve entram em confronto com militares em exercício.

2 de fevereiro

 
Foto: CLAUDIONOR JUNIOR/AE

Salvador registra alta do número de assassinatos e de ataques ao comércio. Shows são cancelados e lojas fecham com a onda de violência.

3 de fevereiro

 
Foto: ARESTIDES BAPTISTA/AE

Pelo menos cinco lojas de eletrodomésticos foram saqueadas em bairros centrais de Salvador. Segundo testemunhas, grupos grandes de mais de 30 pessoas, a maioria encapuzada e algumas armadas, promoveram o arrombamento e o furto de mercadorias dos estabelecimentos que estavam fechados na hora dos ataques.

4 de fevereiro

 
Foto: Lúcio Távora/AE

O governador da Bahia, Jaques Wagner, diz que os PMs em greve promovem um "banho de sangue" para amedrontar a população baiana. Manifestantes continuam com onda de saques e incendeiam lojas.

5 de fevereiro

 
Foto: Adenilson Nunes/SECOM

Um dos 12 policiais grevistas que tiveram a prisão decretada pela Justiça é detido. O PM é suspeito de formação de quadrilha e roubo de um carro da corporação. O Exército usa blindados Urutu para patrulhar as ruas de Salvador.

6 de fevereiro

 
Foto: Lúcio Távora/AP

Invadida por grevistas, a Assembleia Legislativa da Bahia é cercada por tropas do Exército. A luz é cortada no local, e manifestantes e militares entram em confronto.

7 de fevereiro

 
Foto: Arquidiocese de Salvador/Divulgação

Reunião entre policiais e governo termina sem acordo. Polícia Federal prende segundo líder da greve da PM na Bahia.

8 de fevereiro
 
Foto: Felipe Dana, AP

Enquanto o governador Jaques Wagner e empresários se comprometem, respectivamente, em aumentar a negociação para o fim da greve e em garantir a realização do Carnaval, conversas gravadas entre chefes de PMs causaram polêmica. Os áudios mostravam que seriam realizadas ações de vandalismo em Salvador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário