Servente encontra R$ 24 mil no aeroporto Salgado Filho e devolve a empresário
Davi dos Santos Pereira, 20 anos, achou a bolsa com o dinheiro e levou ao setor de achados e perdidos
Um enredo de cinema se desenrolou no aeroporto Salgado Filho. Um funcionário da limpeza, de 20 anos, deu uma prova rara de honestidade: encontrou uma bolsa com R$ 24 mil e devolveu tudo ao dono. O fato, na manhã de sexta-feira, e deixou autoridades boquiabertas.
Por volta das 9h, o consultor empresarial Antônio Mallmann, 66 anos, desembarcou na Capital de um voo vindo de Florianópolis. Acomodou as malas no carrinho, posicionou a nécessaire com o dinheiro sobre as bagagens, passou em uma lanchonete, pediu um suco para tomar os 18 remédios para o coração diários e saiu rumo ao estacionamento. Entrou no próprio carro e foi até o bairro Santana, onde quitaria uma dívida no valor exato da quantia transportada. Foi aí que deu falta da bolsa:
— Pensei: meu Deus, meu Deus! Comecei a me benzer e disse: tenho de achar uma solução para isso. Retornei ao aeroporto e quando cheguei lá foi maravilhoso.
Mallmann retornou em 30 minutos, pediu informações e descobriu que o dinheiro estava na Delegacia da Polícia Civil do aeroporto. Chegou enquanto Davi Junior dos Santos Pereira, 20 anos, registrava a ocorrência.
— Abracei muito aquele menino. Ele é um exemplo. Me fez acreditar que ainda existe gente honesta no mundo — repetia Mallmann.
Davi é servente em uma empresa de serviços gerais terceirizada pela Infraero e estava arrumando os carrinhos do aeroporto quando avistou a nécessaire no chão. Juntou e levou para a central de achados e perdidos. Os funcionários abriram a bolsa e foi aí que ele viu a quantia, toda em notas de R$ 50 e R$ 100.
— Me assustei com todo aquele dinheiro. Mas não me arrependo. Se tivesse oportunidade, faria tudo de novo. Não era meu. Eu não tinha o direito de pegar. Cresci com esse ensinamento do meu pai — contou o jovem.
Lá mesmo, na delegacia, recebeu uma recompensa — os dois preferiram não revelar o valor. A primeira coisa que fez foi comprar um tênis e uma camiseta. O resto, diz, pretende guardar para passar o mês. Usou a beca para festejar em uma roda de samba nas proximidades da casa simples onde mora com os pais e os irmãos, no bairro Mathias Velho, em Canoas.
Reservado, Pereira contou do feito apenas para a família. O pai, José Carlos Pereira, 65 anos, está todo orgulho do caçula de nove filhos.
— Sempre ensinei meus quatro meninos e cinco meninas a levar a vida com honestidade. Pelo que ele fez agora, vai receber em dobro mais na frente — diz o vendedor de picolé na Redenção, em Porto Alegre.
Emprego é o primeiro de Davi
O emprego no aeroporto é o primeiro de carteira assinada de Davi. Começou há dois meses e ainda tem mais um de experiência pela frente para ser contratado de vez. Como recompensa pela demonstração de confiança e caráter, Mallmann, que é dono de uma pousada em Garopaba, litoral de Santa Catarina, convidou Davi e a família para passar uma semana descansando, com todas as despesas pagas.
Davi ficou radiante com a possibilidade de conhecer o litoral catarinense, mas não tem direito a férias. Como não quer se prejudicar no emprego, decidiu repassar a viagem aos pais.
— Quero dar uma segunda lua de mel para os dois — falou.
Depois de passar por isso tudo, Mallmann, que é cardíaco, ainda lidou com a descrença dos filhos e do credor.
— Eu me atrasei no compromisso para quitar a dívida e quando chego conto essa história. Quem vai acreditar? Nem meus filhos acreditaram em mim. Devem estar até agora pensando: ih, isso deve ser efeitos desse monte de remédios que toma para o coração.
Foi o segundo caso de devolução no Salgado Filho em uma semana. Na segunda-feira, um servente encontrou uma bolsa com dinheiro, documentos e máquina fotográfica e devolveu a turistas chilenos.
Por volta das 9h, o consultor empresarial Antônio Mallmann, 66 anos, desembarcou na Capital de um voo vindo de Florianópolis. Acomodou as malas no carrinho, posicionou a nécessaire com o dinheiro sobre as bagagens, passou em uma lanchonete, pediu um suco para tomar os 18 remédios para o coração diários e saiu rumo ao estacionamento. Entrou no próprio carro e foi até o bairro Santana, onde quitaria uma dívida no valor exato da quantia transportada. Foi aí que deu falta da bolsa:
— Pensei: meu Deus, meu Deus! Comecei a me benzer e disse: tenho de achar uma solução para isso. Retornei ao aeroporto e quando cheguei lá foi maravilhoso.
Mallmann retornou em 30 minutos, pediu informações e descobriu que o dinheiro estava na Delegacia da Polícia Civil do aeroporto. Chegou enquanto Davi Junior dos Santos Pereira, 20 anos, registrava a ocorrência.
— Abracei muito aquele menino. Ele é um exemplo. Me fez acreditar que ainda existe gente honesta no mundo — repetia Mallmann.
Davi é servente em uma empresa de serviços gerais terceirizada pela Infraero e estava arrumando os carrinhos do aeroporto quando avistou a nécessaire no chão. Juntou e levou para a central de achados e perdidos. Os funcionários abriram a bolsa e foi aí que ele viu a quantia, toda em notas de R$ 50 e R$ 100.
— Me assustei com todo aquele dinheiro. Mas não me arrependo. Se tivesse oportunidade, faria tudo de novo. Não era meu. Eu não tinha o direito de pegar. Cresci com esse ensinamento do meu pai — contou o jovem.
Lá mesmo, na delegacia, recebeu uma recompensa — os dois preferiram não revelar o valor. A primeira coisa que fez foi comprar um tênis e uma camiseta. O resto, diz, pretende guardar para passar o mês. Usou a beca para festejar em uma roda de samba nas proximidades da casa simples onde mora com os pais e os irmãos, no bairro Mathias Velho, em Canoas.
Reservado, Pereira contou do feito apenas para a família. O pai, José Carlos Pereira, 65 anos, está todo orgulho do caçula de nove filhos.
— Sempre ensinei meus quatro meninos e cinco meninas a levar a vida com honestidade. Pelo que ele fez agora, vai receber em dobro mais na frente — diz o vendedor de picolé na Redenção, em Porto Alegre.
Emprego é o primeiro de Davi
O emprego no aeroporto é o primeiro de carteira assinada de Davi. Começou há dois meses e ainda tem mais um de experiência pela frente para ser contratado de vez. Como recompensa pela demonstração de confiança e caráter, Mallmann, que é dono de uma pousada em Garopaba, litoral de Santa Catarina, convidou Davi e a família para passar uma semana descansando, com todas as despesas pagas.
Davi ficou radiante com a possibilidade de conhecer o litoral catarinense, mas não tem direito a férias. Como não quer se prejudicar no emprego, decidiu repassar a viagem aos pais.
— Quero dar uma segunda lua de mel para os dois — falou.
Depois de passar por isso tudo, Mallmann, que é cardíaco, ainda lidou com a descrença dos filhos e do credor.
— Eu me atrasei no compromisso para quitar a dívida e quando chego conto essa história. Quem vai acreditar? Nem meus filhos acreditaram em mim. Devem estar até agora pensando: ih, isso deve ser efeitos desse monte de remédios que toma para o coração.
Foi o segundo caso de devolução no Salgado Filho em uma semana. Na segunda-feira, um servente encontrou uma bolsa com dinheiro, documentos e máquina fotográfica e devolveu a turistas chilenos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário