segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Versão gaúcha do plano anticrack deve ter foco na reinserção social

Técnicos do governo federal desembarcam no Estado para, ao lado de especialistas locais, traçar estratégias de ação

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Começa a ser alinhavado nesta segunda-feira, com o desembarque de 40 técnicos do governo federal em Porto Alegre, um novo projeto destinado a combater o consumo de crack no Rio Grande do Sul. Durante dois dias, a equipe de especialistas de diferentes ministérios vai se reunir com colegas de secretarias estaduais e de órgãos da Capital para elaborar um plano antidroga.

O foco do programa deverá ser, mais do que a repressão a cracolândias, o encaminhamento de usuários para atendimento de saúde e projetos de reinserção social. A versão gaúcha do programa nacional de enfrentamento ao crack, realizado por meio de parceria entre a União e os Estados, deve procurar se desvincular da imagem repressiva deixada pelas operações de combate à cracolândia realizadas pela Polícia Militar em São Paulo desde o começo do ano.

Os técnicos gaúchos fizeram um levantamento de pontos de venda e uso de droga, principalmente na Capital, mas a avaliação é de que no Rio Grande do Sul o consumo é muito mais pulverizado do que em relação à capital paulista, por exemplo. A listagem é mantida sob sigilo até a deflagração das ações, mas inclui pontos de Porto Alegre como Parque da Redenção, Viaduto da Conceição, entorno da esquina das vias Ipiranga e João Pessoa e áreas dos bairros Rubem Berta e Lomba do Pinheiro e na Ilha da Pintada.

A intenção principal, conforme o diretor do Departamento de Políticas Públicas sobre Drogas do Estado, Solimar Amaro, é utilizar essas referências para chegar aos usuários e encaminhá-los a serviços de saúde e programas de reinserção social.

— Nossa preocupação não é reproduzir como foi feito em São Paulo, onde a questão foi mais de repressão. Aqui, não queremos apenas acabar com pontos de consumo, mas oferecer condições de recuperação, projetos que possam ajudar usuários a se reinserirem, por meio de ações como programas educativos e de profissionalização — revela Amaro.

Isso deve incluir reforços em ações como atendimentos realizados pelos chamados consultórios de rua, encaminhamentos para serviços de saúde e, em um segundo momento, cursos de capacitação para o mercado profissional. Os detalhes e os recursos necessários para tocar essas ações somente deverão ser definidos após os encontros de hoje e amanhã. No orçamento da União, porém, foram previstos R$ 42 milhões para o Estado em 2012 a fim de combater o crack.

Os 40 técnicos de ministérios como Justiça, Desenvolvimento Social e Saúde chegam hoje à tarde e devem visitar um Centro de Atendimento Psicossocial (CAPs) para Álcool e Drogas e um centro de população em situação de rua do município. No final da tarde, rumam para o Novotel, no bairro Três Figueiras, onde deverão se reunir com colegas da Capital e do Estado até amanhã – quando também é esperada a presença da ministra de Desenvolvimento Social, Tereza Campello.

O Rio Grande do Sul está no grupo de oito Estados que receberam alta prioridade do governo federal para receber auxílio na luta contra a pedra. Embora Porto Alegre deva receber preferência nas ações devido à sua dimensão, a Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos garante que o plano a ser definido em parceria com a União deverá ter abrangência estadual. Depois de definidos os detalhes do plano, a adesão do Estado ao programa nacional deverá ser formalizada em março, com a presença de vários ministros e do governador Tarso Genro.

Em GRÁFICO, veja dados sobre o consumo de crack no RS.

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