Como foi a segunda-feira que consolidou a assinatura do contrato entre Inter e AG
Com direito a discursos inflamados e vídeo de momentos históricos, clube firma parceria que dará continuidade às obras de reforma do Estádio Beira-Rio
Luigi é cumprimentado no Salão Nobre: presidente do Inter foi o personagem central da história Foto: Lauro Alves
Demorou. A novela foi longa, desgastante e parecia não ter fim, mas nesta segunda-feira, 19 de março de 2012, teve um final aparentemente feliz. Aparentemente, claro, porque no fim das contas o Beira-Rio precisa ficar pronto a tempo de sediar os cinco jogos que Porto Alegre têm garantidos na Copa do Mundo 2014. Feliz porque uma relação que começou desgastada parece ter reiniciado de maneira forte no final desta manhã.
Galeria: Inter e Andrade Gutierrez assinam contrato no Beira-Rio
Talvez nunca em sua história o Beira-Rio tenha vivido dias (meses) de tanta tensão. Pelo menos fora de campo. No estádio, inaugurado em 6 de abril de 1969, os sentimentos se misturavam entre a tragédia e a glória, tal qual o gramado do "Gigante" já pôde presenciar em seus quase 43 anos.
É consumado, também, que tal programação, nervosismo e atraso talvez não precisassem ter se transformado em sucessivas manchetes caso tudo tivesse sido planejado com mais antecedência. Desta forma, teria sido melhor executado. Pelo menos há mais tempo, sem tanta pressão. Havia, no entanto, um contrato que precisava ser analisado e, posteriormente, assinado.
Às 11h16min, no Salão Nobre do Conselho Deliberativo, as caras fechadas de outrora aos poucos deram lugar a sorrisos e cumprimentos. Foi nesse horário que o presidente Giovanni Luigi abriu a cerimônia de assinatura do contrato entre o Inter e a construtora Andrade Gutierrez. Às 11h55min, oficializou a parceria.
Dentro do salão, conselheiros, ex-presidentes e figuras carimbadas da história do Inter, como Fernandão, Caçapava, Dorinho, Valdomiro e Claudiomiro, vibraram e aplaudiram de pé. Do lado de fora, os bumbos, bandeiras e cânticos da torcida ecoavam em frente ao telão instalado no Portão 7.
Luigi
O personagem central da história tratou de manter os pés no chão. Foi enxuto com as palavras e reverenciou os torcedores:
— Esse é um clube sem donos e assim será eternamente. Finalizando, falo com o torcedor. Reformaremos o Beira-Rio para a Copa de 2014. Somos o único clube do mundo a sediar duas Copas em dois estádios particulares. A Copa de novo é nossa. E isso nos orgulha muito.
Ao fim, foi ovacionado aos gritos de "Luigi! Luigi!" pelos pouco mais de 40 torcedores que se aglomeraram em frente à porta que dá acesso ao Salão Nobre.
Andrade Gutierrez
Otávio de Azevedo, presidente da empresa, não poupou elogios ao mandatário do clube:
— Luigi é o protagonista desse momento. Conduziu com dignidade e competência essa negociação. É, às vezes, duro na queda, mas um grande dirigente — disse, antes de agradecer à torcida. — É com orgulho que a AG participa desse projeto de reforma do Estádio Beira-Rio. Estamos reunidos para assinar o compromisso de fazer do Beira-Rio um símbolo não só para os colorados mas para todos os gaúchos — complementou.
O governador
Tarso Genro chegou quase no fim da solenidade. Objetivo, economizou nas palavras:
— A tensão para a assinatura do contrato entre Inter e Andrade Gutierrez ajudou a aperfeiçoar a relação entre clube, empresa, governos, imprensa... E ninguém perde com isso. Quem ganha, é o Rio Grande do Sul — destacou.
O prefeito e os gaúchos
Gremista, José Fortunati se pronunciou de maneira semelhante a Luigi e também elogiou o presidente do Inter, conceituando sua atuação no processo como "sábia e enérgica".
— A Copa do Mundo é de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Falo como gremista para dizer que esse momento é a hora de Porto Alegre construir a melhor Copa em comparação às demais cidades brasileiras.
Quebra de protocoloRepresentando o governador do Estado, Tarso Genro, o vice-governador Beto Grill não conteve a emoção ao lembrar do estádio e do clube pelo qual torce.
— Estão vendo o cara na arquibancada? Sou eu. Sou eu que vi Fernandão em um momento, Caçapava em outro, mas que viu também Dorinho, Valdomiro e Claudiomiro ainda nos Eucaliptos. Cada torcedor colorado tem um tijolo nessa obra. Fico muito feliz nesse momento em que se renova o Beira-Rio de 1969 e que agora tem esse lugar de destaque. É uma alegria — sintetizou.
11h55min, a assinatura
Com pastas e canetas em punho, os presidentes de Inter e Andrade Gutierrez, Giovanni Luigi e Otávio de Azevedo, firmaram o compromisso que deve dar início já nesta quarta-feira às obras de reforma do Beira-Rio.
Enquanto o Salão Nobre bradava a confirmação da parceria que irá modernizar o estádio para a Copa e para o clube, o ônibus com a delegação — jogadores e comissão técnica — passava ao fundo da janela que assiste ao pátio do Beira-Rio. Carregava na bagagem para La Paz o sonho mais próximo do torcedor — e o que talvez importe bem mais para ele: a América pela terceira vez.
Confira como funcionará a parceria que vai tirar do papel a reforma do Beira-Rio:
O lucroA oposição aposta que as duas décadas de exploração do estádio darão à AG um lucro de R$ 1 bilhão. A gestão do clube não confirma este valor. A direção do Inter acredita que o clube arrecadará até R$ 400 milhões com as melhorias do Beira-Rio nos próximos 20 anos.
Retomada a jatoUm grupo de engenheiros da AG já trabalha, desde dezembro, no levantamento sobre as necessidades da obra. Cerca de mil operários devem ser envolvidos. A arquibancada social, hoje em parte demolida, deve ser contemplada na primeira etapa da reforma. Em um estágio mais avançado, a empreiteira aumentará o número de operários para aproximadamente 2,5 mil. A previsão de conclusão da reforma é dezembro de 2013.
A contrapartida do InterPara ter o estádio reformado para a Copa do Mundo, o Inter dá como contrapartida R$ 26 milhões, dinheiro da venda do Estádio dos Eucaliptos, e reembolsará a Andrade Gutierrez em R$ 8 milhões, relativos a camarotes e suítes já comercializados, e que por contrato agora são de exploração da construtora. Na contrapartida do Inter estão incluídos os R$ 14 milhões já investidos pelo clube nas fundações da cobertura, instaladas quando o Inter ainda tocava as obras com recursos próprios.
Uso do estádioA partir da união com a Andrade Gutierrez, o Inter passará a dividir com a construtora as datas de utilização do estádio. A prioridade será para os jogos oficiais do Inter, depois, datas de possíveis amistosos do clube e datas para eventos da AG (como shows, por exemplo).
O novo CTA partir da reforma, o Inter raras vezes treinará no Beira-Rio. Ainda não há local definido para o centro de treinamentos. Inter e Andrade Gutierrez precisarão captar investidores, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte (porque envolve categorias de base), para erguer o CT. Não há sequer prazo para que se inicie a busca por recursos. Gravataí e Lami são áreas analisadas.
Os direitos da AGDurante 20 anos, a Andrade Gutierrez, por meio da Sociedade de Propósito Específico, terá direito a explorar todas as novas áreas criadas no estádio: camarotes, suítes, cadeiras vips e sky boxes, restaurantes, lojas e o edifício-garagem com 3 mil vagas. A publicidade estática (menos as placas ao redor do gramado) ficará com a AG. A construtora terá direito aos naming rights, caso o Beira-Rio receba o nome de uma empresa.
Galeria: Inter e Andrade Gutierrez assinam contrato no Beira-Rio
Talvez nunca em sua história o Beira-Rio tenha vivido dias (meses) de tanta tensão. Pelo menos fora de campo. No estádio, inaugurado em 6 de abril de 1969, os sentimentos se misturavam entre a tragédia e a glória, tal qual o gramado do "Gigante" já pôde presenciar em seus quase 43 anos.
É consumado, também, que tal programação, nervosismo e atraso talvez não precisassem ter se transformado em sucessivas manchetes caso tudo tivesse sido planejado com mais antecedência. Desta forma, teria sido melhor executado. Pelo menos há mais tempo, sem tanta pressão. Havia, no entanto, um contrato que precisava ser analisado e, posteriormente, assinado.
Às 11h16min, no Salão Nobre do Conselho Deliberativo, as caras fechadas de outrora aos poucos deram lugar a sorrisos e cumprimentos. Foi nesse horário que o presidente Giovanni Luigi abriu a cerimônia de assinatura do contrato entre o Inter e a construtora Andrade Gutierrez. Às 11h55min, oficializou a parceria.
Dentro do salão, conselheiros, ex-presidentes e figuras carimbadas da história do Inter, como Fernandão, Caçapava, Dorinho, Valdomiro e Claudiomiro, vibraram e aplaudiram de pé. Do lado de fora, os bumbos, bandeiras e cânticos da torcida ecoavam em frente ao telão instalado no Portão 7.
Luigi
O personagem central da história tratou de manter os pés no chão. Foi enxuto com as palavras e reverenciou os torcedores:
— Esse é um clube sem donos e assim será eternamente. Finalizando, falo com o torcedor. Reformaremos o Beira-Rio para a Copa de 2014. Somos o único clube do mundo a sediar duas Copas em dois estádios particulares. A Copa de novo é nossa. E isso nos orgulha muito.
Ao fim, foi ovacionado aos gritos de "Luigi! Luigi!" pelos pouco mais de 40 torcedores que se aglomeraram em frente à porta que dá acesso ao Salão Nobre.
Andrade Gutierrez
Otávio de Azevedo, presidente da empresa, não poupou elogios ao mandatário do clube:
— Luigi é o protagonista desse momento. Conduziu com dignidade e competência essa negociação. É, às vezes, duro na queda, mas um grande dirigente — disse, antes de agradecer à torcida. — É com orgulho que a AG participa desse projeto de reforma do Estádio Beira-Rio. Estamos reunidos para assinar o compromisso de fazer do Beira-Rio um símbolo não só para os colorados mas para todos os gaúchos — complementou.
O governador
Tarso Genro chegou quase no fim da solenidade. Objetivo, economizou nas palavras:
— A tensão para a assinatura do contrato entre Inter e Andrade Gutierrez ajudou a aperfeiçoar a relação entre clube, empresa, governos, imprensa... E ninguém perde com isso. Quem ganha, é o Rio Grande do Sul — destacou.
O prefeito e os gaúchos
Gremista, José Fortunati se pronunciou de maneira semelhante a Luigi e também elogiou o presidente do Inter, conceituando sua atuação no processo como "sábia e enérgica".
— A Copa do Mundo é de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Falo como gremista para dizer que esse momento é a hora de Porto Alegre construir a melhor Copa em comparação às demais cidades brasileiras.
Quebra de protocoloRepresentando o governador do Estado, Tarso Genro, o vice-governador Beto Grill não conteve a emoção ao lembrar do estádio e do clube pelo qual torce.
— Estão vendo o cara na arquibancada? Sou eu. Sou eu que vi Fernandão em um momento, Caçapava em outro, mas que viu também Dorinho, Valdomiro e Claudiomiro ainda nos Eucaliptos. Cada torcedor colorado tem um tijolo nessa obra. Fico muito feliz nesse momento em que se renova o Beira-Rio de 1969 e que agora tem esse lugar de destaque. É uma alegria — sintetizou.
11h55min, a assinatura
Com pastas e canetas em punho, os presidentes de Inter e Andrade Gutierrez, Giovanni Luigi e Otávio de Azevedo, firmaram o compromisso que deve dar início já nesta quarta-feira às obras de reforma do Beira-Rio.
Enquanto o Salão Nobre bradava a confirmação da parceria que irá modernizar o estádio para a Copa e para o clube, o ônibus com a delegação — jogadores e comissão técnica — passava ao fundo da janela que assiste ao pátio do Beira-Rio. Carregava na bagagem para La Paz o sonho mais próximo do torcedor — e o que talvez importe bem mais para ele: a América pela terceira vez.
Confira como funcionará a parceria que vai tirar do papel a reforma do Beira-Rio:
O lucroA oposição aposta que as duas décadas de exploração do estádio darão à AG um lucro de R$ 1 bilhão. A gestão do clube não confirma este valor. A direção do Inter acredita que o clube arrecadará até R$ 400 milhões com as melhorias do Beira-Rio nos próximos 20 anos.
Retomada a jatoUm grupo de engenheiros da AG já trabalha, desde dezembro, no levantamento sobre as necessidades da obra. Cerca de mil operários devem ser envolvidos. A arquibancada social, hoje em parte demolida, deve ser contemplada na primeira etapa da reforma. Em um estágio mais avançado, a empreiteira aumentará o número de operários para aproximadamente 2,5 mil. A previsão de conclusão da reforma é dezembro de 2013.
A contrapartida do InterPara ter o estádio reformado para a Copa do Mundo, o Inter dá como contrapartida R$ 26 milhões, dinheiro da venda do Estádio dos Eucaliptos, e reembolsará a Andrade Gutierrez em R$ 8 milhões, relativos a camarotes e suítes já comercializados, e que por contrato agora são de exploração da construtora. Na contrapartida do Inter estão incluídos os R$ 14 milhões já investidos pelo clube nas fundações da cobertura, instaladas quando o Inter ainda tocava as obras com recursos próprios.
Uso do estádioA partir da união com a Andrade Gutierrez, o Inter passará a dividir com a construtora as datas de utilização do estádio. A prioridade será para os jogos oficiais do Inter, depois, datas de possíveis amistosos do clube e datas para eventos da AG (como shows, por exemplo).
O novo CTA partir da reforma, o Inter raras vezes treinará no Beira-Rio. Ainda não há local definido para o centro de treinamentos. Inter e Andrade Gutierrez precisarão captar investidores, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte (porque envolve categorias de base), para erguer o CT. Não há sequer prazo para que se inicie a busca por recursos. Gravataí e Lami são áreas analisadas.
Os direitos da AGDurante 20 anos, a Andrade Gutierrez, por meio da Sociedade de Propósito Específico, terá direito a explorar todas as novas áreas criadas no estádio: camarotes, suítes, cadeiras vips e sky boxes, restaurantes, lojas e o edifício-garagem com 3 mil vagas. A publicidade estática (menos as placas ao redor do gramado) ficará com a AG. A construtora terá direito aos naming rights, caso o Beira-Rio receba o nome de uma empresa.
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