terça-feira, 19 de junho de 2012

Brasiguaios temem ser alvo de violência em conflitos agrários no Paraguai

Temor se acentuou após confronto que deixou 18 mortos no país vizinho


Brasiguaios temem ser alvo de violência em conflitos agrários no Paraguai Favian Acosta/AFP
Familiares se reúnem em funeral, depois de ação malsucedida que derrubou membros do governo Foto: Favian Acosta / AFP
Alvo permanente de invasões de sem-terra, a comunidade dos agricultores brasileiros que migrou para o Paraguai, conhecida como brasiguaios, teme ser o próximo alvo do aumento da violência nos conflitos agrários naquele país.

O temor se acentuou na semana passada, depois de um confronto armado entre agentes da Polícia Nacional e sem-terra resultar em 18 mortes. – Pode chegar até nós, porque os políticos de Assunção adoram usar os brasileiros como bode expiatório para tudo que acontece – comentou o brasiguaio Marcelo Kaefer.

O temor de Kaefer tem razão de ser. O disputa da semana passada foi uma “briga entre paraguaios” – a fazenda invadida pertence ao ex-senador Blas Riquelime, do Partido Colorado. O problema nasceu no mesmo berço: a eleição do atual presidente do país, o ex-bispo Fernando Lugo.

Durante a sua campanha, Lugo e seus seguidores pregaram a retomada das terras dos brasiguaios com documentação ilegal e de todos os paraguaios que tivessem sido beneficiados com glebas irregulares pelo ex-ditador Alfredo Stroessner (1954 a 1989).

O ex-bispo tomou posse em 2008, mas não cumpriu a promessa. Não retomou as terras dos brasiguaios nem dos seguidores do Partido Colorado. Os sem-terra, porém permanecem mobilizados pelo país.

Em 2010, várias famílias de brasiguaios foram expulsas a tiros de Curuguaty (onde fica a fazenda do ex-senador Riquelme e centenas de propriedades de brasiguaios) pelos sem-terra.Muitas estão atualmente acampadas na beira da BR-163, em Itaquiraí, pequena cidade agrícola povoada por gaúchos em Mato Grosso do Sul.

— Hoje (na segunda-feira) o ambiente é de calma. As autoridades paraguaias estão demonstrando que se trata de um episódio isolado, todos nós estamos torcendo para que eles tenham razão — comentou Luiz Carlos Ribeiro, patrão do CTG Índio Sepé, na Esquina Gaúcha, um das comunidades pioneiras dos brasiguaios.

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