segunda-feira, 23 de julho de 2012

Portas abertas a vândalos: Grêmio e Inter também descumprem a lei

Dirigentes dos clubes repassam a culpa para o poder público


Portas abertas a vândalos: Grêmio e Inter também descumprem a lei Montagem sobre fotos de Diego Vara /
O Olímpico e o Beira-Rio contam com salas de videomonitoramento          
O Grêmio e o Inter não dão bola para a Justiça. Quando um juiz envia ofício pedindo que fiscalizem a entrada de torcedores proibidos de ingressar em seus estádios, a reação beira o desdém. Para piorar, não cumprem o Estatuto do Torcedor — que manda afixarem a lista de infratores nos portões de acesso. O discurso é que o problema é da polícia e da Justiça.
Em página especial, leia todas as reportagens da série Drible na Justiça

Desinformados e despreocupados com os torcedores proibidos de frequentar seus estádios, os dois maiores clubes do Estado revelam-se bons anfitriões para a violência.
Não faltam câmeras para barrar penetras — algumas, capazes de identificar uma ruga a 700 metros de distância — nem seguranças nas catracas de acesso ao público. As falhas são de gestão, bem mais profundas do que a desatenção de um vigia.
Na edição dominical, no primeiro dia da série de reportagens Drible na Justiça, Zero Hora revelou como torcedores envolvidos em pancadarias ignoram as ordens da Justiça. Eles estão impedidos de entrar nos estádios — e deveriam se apresentar em uma delegacia no horário das partidas. Nenhum deles cumpre a medida. Dois foram flagrados por ZH dentro do Olímpico e do Beira-Rio, livres de qualquer fiscalização.
O presidente do Grêmio, Paulo Odone, e o do Inter, Giovanni Luigi, repassam a culpa para o poder público. Mas também descumprem a lei. No artigo quinto do Estatuto do Torcedor, o texto manda os clubes afixarem em todas as entradas do estádio a relação dos torcedores proibidos de ingressar. O setor de segurança do Inter nem sequer conhece essa lista, embora o departamento jurídico do clube tenha recebido ofício do juiz Amadeo Ramella Buttelli pedindo a fiscalização dos infratores.
— Temos dois vigiados atualmente: o Hierro (antigo líder da torcida Guarda Popular) e outro torcedor envolvido na mesma confusão (em dezembro). Mais ninguém — disse o vice-presidente Alexandre Mussoi na semana passada, desinformado sobre a proibição de Antonio Flávio Valadão de Almeida e Gabriel Maidana Bassani, este último fotografado pela reportagem nas arquibancadas do Beira-Rio.
A delegada Sílvia Coccaro, titular da 20ª Delegacia de Polícia da Capital — onde Gabriel e Antonio deveriam comparecer na hora dos jogos, mas jamais se apresentaram —, acirra o jogo de empurra:
— Não podem vender ingresso para eles. Essa lista de nomes precisa ser do conhecimento de quem controla a entrada (o Inter só pede documento de identidade para quem compra ingressos em jogos de grande porte).
No Grêmio, a ação limita-se a expulsar o infrator do quadro de sócios. O que, na prática, não adianta. Proibido pela Justiça de entrar no Olímpico, Jeferson Rodrigo Kuchinski era sócio do clube, mas foi flagrado por ZH torcendo em meio à Geral, principal torcida organizada do Grêmio. No estádio gremista, qualquer um compra ingresso sem apresentar documento.
Segundo o assessor especial da presidência do clube, Luiz Moreira, as mais de cem câmeras que vigiam o Olímpico e seu entorno não têm como função procurar torcedores impedidos de entrar nos jogos.
— Isso é coisa para ser resolvida na delegacia. Não há como achar na multidão — afirma Moreira.
Já o vice-presidente Alexandre Mussoi, do Inter, reconhece que suas câmeras podem auxiliar na fiscalização dos infratores. O problema é que o olho eletrônico colorado, que nem sabe quais torcedores estão impedidos de ingressar no Beira-Rio, é tão cego quanto o gremista.

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