sábado, 20 de agosto de 2011

Depois de crimes, quase vazio

Foi em uma madrugada fria, chuvosa e desguarnecida de segurança que o universitário Ângelo Razzolini Biazzi, 23 anos, foi morto no Calçadão Salvador Isaia. Às 6h31min deste domingo, faz exatamente uma semana que o estudante de Design de Produto da Unifra foi assassinado de forma covarde. Os três autores do crime foram identificados e presos na quinta-feira. Com o crime, surgiu a questão: como os moradores veem a segurança pública no tradicional ponto de encontro da cidade?

Seis pessoas que cruzaram pelo local na madrugada de quinta-feira ? o Diário ficou das 4h40min às 6h30min observando a movimentação ? agradecem a Deus por nunca terem sido assaltadas ao passar por ali. E mais: afirmam que não se sentem seguras ao caminhar no Calçadão e no seu entorno. Foram 56 minutos após a chegada da reportagem naquela madrugada até que uma viatura com dois policiais militares (PMs) surgiu.

? Ando olhando para todos os lados. É um perigo isso aqui (o Calçadão). Sempre encontro, no caminho, uma viatura da Brigada (Militar), mas de qualquer forma ando com o coração na mão ? revela a cozinheira Mari Bertazo, 32 anos, que caminhava às 5h40min pelo local.

Mari, que atravessa toda a Rua do Acampamento e desce a Avenida Rio Branco até a Rua Vale Machado para trabalhar, é uma das pessoas que têm de passar, obrigatoriamente, pelo Calçadão durante a madrugada.

O zelador Alencar Ramos, 28, que cuida da Galeria Chami às noites, elogia a boa iluminação, porém reclama da escassez de policiamento. Ramos diz ter notado uma diminuição no movimento de pessoas na madrugada depois do assassinato de Biazzi.

? Já peguei ladrão aqui perto e chamei a polícia. Mas a sensação de insegurança é cada vez maior. O crack é motivo para roubarem de tudo ? avalia o zelador.

Já para o vigilante da prefeitura Cesar Augusto Righi, 42, que cuida da Praça Saldanha Marinho, a região é segura. Segundo ele, as noites problemáticas são as de baile no Clube Caixeiral. Brigas costumam ocorrer na saída das festas.

? Os adolescentes, infelizmente, são os piores. Aqui é muito corrido, a gente não para. Agora há pouco coloquei um (homem) a correr. Ele estava mexendo com uma guria ? comentou Righi, às 4h45min.

Assim como o zelador, Righi também notou menor movimento no Calçadão nos últimos dias.

Polícia ? Para o comandante do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar, tenente-coronel João Ricardo Vargas, a morte de Biazzi teve tanta repercussão justamente por ter acontecido no Calçadão.

? O delito, por ser ali, é visto de outra forma. Mas não podemos permitir que isso aconteça em qualquer outro ponto da cidade. As pessoas recebem a informação de que podem ser a próxima vítima, e a nossa missão é devolver essa segurança ao Calçadão ? garante.

Para o tenente-coronel Wladimir Comassetto, comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), o fato de não ter sido encontrada uma viatura no prazo de quase uma hora, na madrugada de quinta-feira, foi isolado:

? Isso é esporádico (não ter policiais no Calçadão). Estamos reforçando o policiamento. Da meia-noite às 6h, estamos escalando no mínimo dois PMs do POE (Pelotão de Operações Especiais) no Calçadão. Antes era um. Em função da demanda de ocorrências, esses policiais (que deveriam estar no Calçadão na madrugada de quinta) poderiam estar dando reforço a alguma guarnição.

Conforme Comassetto, a partir de segunda-feira, haverá policiais a cavalo nas imediações do Calçadão. O comandante diz entender que a sensação de segurança esteja abalada. Mas, segundo ele, a presença de mais PMs deve amenizar esse sentimento.

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