sábado, 20 de agosto de 2011

No início da noite, estava movimentado

No início da noite de quinta-feira, entre 18h e 20h, o cenário do Calçadão foi o contrário do visto na madrugada e começo da manhã do mesmo dia pela equipe do Diário. Nesse horário, ele vira o ponto de encontro de públicos de todas as idades e estilos. Torna-se uma grande passarela urbana, onde desfilam personalidades do cotidiano. O empresário que solta o nó da gravata ao sair do trabalho, a estudante apressada para não chegar atrasada na aula, a mulher à espera do marido. Entre tantas outras roupas, uma se destacou: o uniforme cinza da Brigada Militar (BM).

Dois policiais faziam a guarda no meio do Calçadão. Mais um grupo reunido na Praça Saldanha Marinho, ao lado de uma viatura, fazia rondas periódicas do Viaduto Evandro Behr até o outro lado, na esquina com a Rua Floriano Peixoto.

Com a BM no local, não houve nenhum registro de roubo a estabelecimentos, assalto ou briga no período. Os policiais, porém, foram interpelados por vários cidadãos. Segundo um dos policiais de serviço naquela noite, eles foram procurados para tirar dúvidas, esclarecer como as pessoas devem proceder para fazer denúncias ou a quem devem recorrer para solucionar pendências particulares.

? Tenho visto mais policiais. Antes (do assassinato de Ângelo Biazzi), eles vinham mais em época de festa, como o Natal ? diz a serviços gerais Cleoni Costa Silva, 45 anos.

Pelo menos três vezes por semana, Cleoni passa de 30 minutos a uma hora no Calçadão para esperar o marido sair do trabalho. Nos primeiros dias do mês, após receber o salário, ela olha as vitrines das lojas. Nos dias restantes, repousa em algum banco. Rotina que já tem anos. Tempo suficiente para aprender táticas de defesa e evitar estar no meio de tumultos que, segundo ela, são comuns.

? Se eu vejo alguém correndo, eu corro junto. Não tenho medo de ficar esperando, é só não ficar perto dos jovens, porque do nada eles arrumam bolo (confusão) ? explica.

Tribos ? Jovens e adolescentes costumam se reunir no Calçadão logo que a noite cai. São diferentes tribos. Gente comum, emos e suas franjas lisas sobre a testa, punks com cabelos espetados, alternativos com o rosto perfurado por piercings e tradicionalistas de bota, bombacha e com o chimarrão. Há quem carregue pequenas caixas de som ou celulares tocando músicas. Cada um com sua trilha sonora, geralmente hip-hop, rap ou funk. Os grupos, que costumam se reunir todos os dias, têm lugares marcados. Em frente ao Santa Maria Shopping, a turma de Willian Floriano, 20 anos, tem hora para chegar, mas não para sair.

? Venho aqui para matar tempo, encontrar os amigos ? diz Floriano.

Nas rodas de conversa, todo tipo de assunto é colocado em pauta. Inclusive a segurança. Mas os assuntos que predominam ainda são as descobertas da juventude.

? Falamos de relacionamentos e desilusões. Discutimos a vida ? diz a estudante Mariana Teixeira, 18 anos.

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