O EVO MORALES DE SÃO VICENTE
O rótulo de homem humilde e de origem pobre é entoado como um mantra pelo próprio prefeito Jorge Valdeni Martins (PTB), afastado judicialmente do cargo, de forma cautelar e por tempo indeterminado, a pedido do Ministério Público, por suspeita de enriquecimento ilícito e improbidade administrativa. O político de 52 anos, conhecido pelo jeito pitoresco de administrar, é pai de três filhos (de um primeiro casamento) e mais um filho recém-nascido, ao lado da atual companheira.
Martins é o segundo filho de um total de 11 irmãos e conta que a infância foi de dificuldade, na zona rural de São Francisco de Assis. No final de década de 80, ele chegou a São Vicente do Sul, e trabalhou por anos como motorista de ônibus e taxista. No início dos anos 90, ele se elegeu vereador, pelo PMDB, em três oportunidades.
? Tudo isso que eu estou passando é porque sou filho de bugre com índio ? acredita Martins, que se diz ?semianalfabeto?.
Para Jorge Martins, a situação que vive atualmente ocorreria por ele ?governar contra os interesses dos setores dominantes do município?. Segundo o político, a incursão da oposição e dos contrários a sua administração teria começado num desfile de 7 de Setembro.
? Fomos para a avenida com maquinários, ônibus, uma série de melhorias que eles não conseguiram fazer quando foram governo ? sustenta.
Exagero ou não, o chefe do Executivo municipal agrada a boa parte da população. Mesmo após ter sido afastado do cargo no primeiro mandato, em 2006, por suspeita de irregularidades (na Justiça, ele conseguiu reverter sua cassação e voltou à prefeitura), Jorge Martins acabou sendo reeleito em 2008. Teve 2.355 votos, contra 2.246 de sua concorrente. E talvez seja por seu jeito simples que acabou arrumando problemas com a Justiça. Ele próprio admite que dava aval, do próprio punho, a compras de remédios feitas pela população após consulta de preços em três farmácias. Diz que fazia isso para evitar que moradores ficassem sem medicamentos. Porém, isso lhe rendeu uma ação judicial.
Na sede da prefeitura, um servidor de carreira, que não quis ser identificado, disse que ele ?fala e age como o povo?:
? Aqui sempre foram os partidos tradicionais que mandaram, e nunca houve governo com apelo popular.
O procurador jurídico da prefeitura, Luiz Paulo da Silva, encaminhou, na manhã de sexta-feira, ao Tribunal de Justiça do Estado, um agravo de instrumento que tenta garantir o retorno de Martins à prefeitura.
? Não há motivo para mantê-lo afastado ? avalia.
Histórico ? O prefeito afastado carrega consigo uma ampla lista de suspeitas de irregularidades. De acordo com o Ministério Público (MP), Martins responde a sete processos, sendo condenado em cinco deles, entre os anos de 2006 e 2009, período da primeira e da segunda gestão ? o prefeito recorreu das decisões. Entre as acusações, estão a de execução irregular do programa Verão Gaúcho; nomeação irregular de servidores públicos para desempenho de funções técnicas; promoção pessoal com verba pública; desvio de função de motorista e operador de máquinas e irregularidades na realização de concurso público. O promotor do MP Manoel Figueiredo Antunes foi procurado pelo Diário, mas não quis se manifestar.
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