quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Jovem que atropelou 17 pessoas em Quintão sentiu medo de ser linchado, diz pai


O atropelamento coletivo aconteceu por volta das 3h da madrugada desta terça-feira


 

Jovem que atropelou 17 pessoas em Quintão sentiu medo de ser linchado, diz pai Roger Sterfany/Arquivo Pessoal/
Em foto do leitor Roger Sterfany, podemos ver o local do atropelamento, momentos antes do acidente

Gilberto Luiz Pelizzer Júnior atropelou 17 pessoas porque estaria em pânico, com medo de morrer linchado, segundo a versão de seus pais. A família deixou Quintão às pressas, na terça-feira, temendo por sua integridade.

Morador da Capital, caçula dos três filhos da costureira Eliane Martins Gomes, 45 anos, e do caminhoneiro e empresário Gilberto Luiz Pelizzer, 45 anos, o jovem, segundo a versão dos pais, não teria consumido álcool por ser o motorista da rodada dos amigos.

Pelizzer Júnior teria permanecido entre as 23h10min e a madrugada próximo do local do acidente. Antes das 2h50min, horário determinado pelo pai para retornar, evitou um caminho alternativo temendo assaltos.

Nessa versão, Pelizzer Júnior teria ido para casa sozinho, o que contraria o relato de testemunhas.

Ao escapar, Pelizzer seguiu para casa. Lá, abraçado à mãe e ao irmão mais velho, teria chorado, temendo ter matado alguém.

— O Júnior repetia: perdão, mãe! Perdão! — afirma Eliane.

Atropelamento coletivo na madrugada

O motorista de uma Ecosport, identificado como Gilberto Luiz Pelizzer Junior, de 18 anos, de Porto Alegre, atropelou 17 pessoas na Avenida Esparta, principal via de Quintão, no Litoral Norte. Uma adolescente ficou gravemente ferida e foi transferida com lesões na cabeça para hospital em Tramandaí. Ela foi identificada como Bianca Ribeiro da Costa, de 15 anos. Outras sete vítimas foram levadas para hospital em Osório.

O atropelamento coletivo aconteceu por volta das 3h da madrugada desta terça-feira.O motorista teria invadido trecho da avenida que estava interditado para festa de Carnaval. Ele também estaria com o volume do som alto. Com isso, foliões teriam utilizado spray de espuma como forma de protesto e alerta ao motorista.

Conforme Marcelo Rodrigues Witt, 40 anos, que testemunhou o incidente, o condutor da Ecosport teria ficado irritado quando foliões deram tapas no carro.

— Ele ameaçou abrir a porta, fez menção de descer, mas decidiu acelerar. Foi levando todas as pessoas que estavam pela frente — disse Witt, que teve cinco familiares feridos.

De acordo com outra testemunha, Isaac Nogueira, 31 anos, o motorista só parou quando o corpo de uma jovem o impediu de prosseguir.

— Parecia aquele cara que atropelou os ciclistas em Porto Alegre — relatou Nogueira, referindo-se a Ricardo Neis, que virou notícia internacional ao atropelar integrantes da Massa Crítica em 25 de fevereiro de 2011.

As vítimas foram levadas inicialmente ao pronto atendimento de Quintão. Segundo o enfermeiro que participou dos primeiros atendimentos, o quadro era assustador.

— Havia pacientes com multiplas fraturas, escoriações, deformações na face, lesões com exposições ósseas e pelo menos uma vítima com suspeita de lesão cervical — disse o enfermeiro Rodrigo Haendchen.

Após fugir, o Ecosport foi seguido por um taxista, que indicou a localização à polícia. Em uma residência, Pelizzer, acabou detido.

Segundo o delegado Amilcar Souza Neto, ele alegou legítima defesa.

— Ele alega que foi cercado por indivíduos que queriam agredi-lo e no intuito de fugir da multidão acabou atropelando essas pessoas — disse o delegado.

O veículo foi apreendido para perícia. O rapaz foi ouvido na Delegacia de Polícia de Cidreira e deve responder em liberdade.

Testemunhas relataram que um caroneiro teria colocado o braço para fora do Ecosport e realizado disparos. O motorista alegou que estava sozinho no veículo, mas confirmou ter ouvido sons semelhantes a tiros.

Pelizzer não fez o bafômetro. Segundo o delegado Amilcar, o jovem passou por exame clínico no posto médico de Balneário Pinhal, e uma médica atestou que o condutor não estava embriagado.

Veja a lista de vítimas:

Hospital de Tramandaí

— Bianca Ribeiro da Costa, 15 anos, estado grave.

Hospital de Osório

— Carine Souza da Silva, de 22 anos
— Alice Antônia Muniz, de 17 anos
— Luana Padilha Figueiredo, 15 anos
— Karolin Silva Bárbara, 19 anos
— Caison Fernando Rosa Goularte, 13 anos
— Katerlin Niederauer Bertolini, 13 anos
— Alexsandro Silva da Silva, 35 anos

Liberados

— Emily Tamires, 22 anos
— Vinicius Kissler, 19 anos
— Richard Niederauer, 16 anos
— Aldemir Campina Dias, 31anos
— Cristiano Lopes da Silva, 25 anos
— Allan Artênio Rinaldi, 16 anos
— Sérgio Marques, 26 anos
— Micael Augusto Correia 17 anos
— Rosa Goularte, 13 anos

Semelhança com atropelamento de ciclistas na Capital:
No dia 25 de fevereiro de 2011, o bancário Ricardo Neis atropelou um grupo de ciclistas no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. O incidente deixou 15 feridos. As vítimas integravam o movimento Massa Crítica, que defende o uso da bicicleta como meio de transporte.

Depois de preso, o motorista alegou que se sentiu ameaçado pelo ciclistas e acabou arrancando o veículo. O filho de Neis, que também estava no carro, alegou que os integrantes do movimento começaram a bater no carro.

Os ciclistas negaram as ameaças e agressões. O episódio foi amplamente divulgado em redes sociais e sites de vídeos na internet, com imagens do momento exato do atropelamento coletivo dos ciclistas. O episódio ganhou repercussão internacional.

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