segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

PM: Lindemberg atirou para me matar

Lindemberg afirmou que iria "matar os quatro e depois cometeria suicídio", segundo última testemunha a ser ouvida nesta segunda-feira
Fórum de Santo André, onde quatro testemunhas depuseram nesta segunda-feira / Júlio Bastos/Futura PressFórum de Santo André, onde quatro testemunhas depuseram nesta segunda-feiraJúlio Bastos/Futura Press
O policial militar Atos Valeriano, que foi atingido por tiro de Lindemberg Alves no primeiro dia de cárcere privado de Eloá Cristina Pimentel em outubro de 2008, foi o último a depor no primeiro dia de julgamento do acusado de matar a jovem. De acordo com ele, o réu realmente "queria matá-lo quando disparou contra os policiais". O julgamento deve ser retomado na manhã desta terça-feira e deve seguir por mais dois dias no Fórum de Santo André, na Grande São Paulo.

Valeriano reconheceu que a bala passou próximo a sua cabeça e que durante as negociações, Lindemberg afirmou que iria "matar os quatro e depois cometeria suicídio".

O primeiro dia de julgamento ainda contou com os depoimentos de Iago Vilera de Oliveira, um dos jovens que foi mantido refém. De acordo com ele, o trauma daquela data motivou um tratamento psicológico de anos. 
O depoimento durou pouco tempo e, depois de responder as questões da promotoria e de assistentes de acusação, ele foi liberado. Iago estava com Victor, Nayara e Eloá fazendo trabalho escolar quando foram suspreendidos pelo jovem armado. Ele e o amigo foram liberados logo, enquanto as duas meninas continuaram sob poder do sequestrador.

Victor afirmou que "Lindemberg tinha a intenção de fazer algo contra Eloá". O jovem respondeu as perguntas de defesa e acusação rapidamente, assim como Iago. 

O jovem também disse os momentos de tensão. "O que me dava mais medo era ver meus amigos tomarem um tiro, acontecer alguma tragédia". Iago Oliveira, outra vítima, é o próximo a depor.

Nayara: "Ela sabia que ia morrer"

Nayara Rodrigues da Silva, uma das testemunhas de acusação no caso, depôs na tarde desta segunda-feira no julgamento de  Lindemberg Alves, acusado de ter matado a jovem após quatro dias de cárcere privado. De acordo com a testemunha, "a vítima dizia sempre que sabia que ia morrer". 

Durante seu depoimento, 
Nayara pediu que Lindemberg não estivesse presente. Ela afirmou que após o fim do namoro dos dois, "ele a odiava" e "perseguia Eloá". A menina, que ficou cerca de duas horas respondendo às perguntas de acusação e defesa, também afirmou que durante o tempo de confinamento a amiga foi agredida diversas vezes e que, quando ela voltou ao poder do sequestrador, a menina apresentava muitos hematomas. 
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Crime

A morte de Eloá ocorreu em 15 de outubro de 2008, em Santo André. Quatro dias antes, ela e mais três pessoas - Nayara e mais dois amigos - foram sequestradas por Lindemberg.

Após algumas horas de negociação com a polícia, Lindemberg libertou os dois jovens e, mais tarde, soltou Nayara. Ela, no entanto, acabou retornando para ajudar a amiga.

O sequestro se arrastou por cerca de cem horas e terminou quando a polícia invadiu o prédio. Eloá e Nayara foram baleadas, mas somente a segunda sobreviveu aos ferimentos.

O julgamento

Lindemberg responderá por homicídio qualificado, tentativa de homicídio, cárcere privado e disparo por arma de fogo. Ao todo 19 testemunhas devem ser ouvidas, sendo cinco da acusação e 14 de defesa. 

A pena mínima defendida pela promotora Daniela Hashimoto é de 50 anos. Mas como já está preso há 3 anos, Lindemberg ficará na cadeia no máximo mais 27, já que o limite de tempo na prisão no Brasil é de 30 anos. O julgamento só deve terminar na quarta-feira.

A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Saad, tenta convencer o júri de que a invasão policial provocou a tragédia. A versão é contestada pela promotora. “A polícia tinha autorização para entrar a qualquer momento. Ele entrou com a intenção de matá-la”.

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