sábado, 24 de março de 2012

Visita de Bento XVI a Cuba levará expectativa de mudanças no país


Roteiro do pontífice teve início pelo México e se estenderá à ilha caribenha na próxima segunda-feira


Enviar para um amigo
 

Visita de Bento XVI a Cuba levará expectativa de mudanças no país Javier Galeano/AP
Com a capital, Havana (foto), preparada para a visita de Bento XVI, governo de Raúl Castro disse que "ouvirá com respeito" o religioso, que chega à ilha na segunda-feira

Antes mesmo de pisar no solo socialista de Cuba para uma visita de forte teor simbólico, o papa Bento XVI foi direto ao ponto que gera expectativa.

Ao embarcar para o roteiro que se inicia neste sábado no México e se estende de segunda a quarta-feira na ilha caribenha, descartou o comunismo como solução que viabilize o país e já escalou a Igreja Católica como aliada na busca por alternativas.

Entre os cubanos, uns acreditam que será a oportunidade de recentes reformas socioeconômicas começarem a se aprofundar. Outros festejam o que acreditam ser a chance de o país, assolado pelo embargo americano que ajuda a inibir o desenvolvimento, abrir-se ao mundo.

A visita papal já era considerada histórica por ocorrer 14 anos depois de João Paulo II, em 1998, ter sido recebido pelo então presidente Fidel Castro.

Diferentemente do que João Paulo II encontrou na ilha, Bento XVI vai deparar com mudanças quanto aos limites de mandatos políticos (não serão exercidos por mais de 10 anos) e autorizações para comprar casas e carros, montar o próprio negócio, plantar e vender ao setor turístico sem passar pelo Estado.

Tudo para salvar uma economia em colapso desde o fim da União Soviética – em 1991.

— A visita do Papa é parte de uma caminhada para a abertura que o regime cubano está fazendo para o mundo capitalista. Tem um simbolismo muito grande — diz o cientista político João Paulo Peixoto, professor da Universidade de Brasília (UnB).

Por outro lado, em termos de direitos humanos, Peixoto evita avançar o sinal e fala em “dúvida”:

— Não sei até que ponto o Papa vai interferir nisso. É uma questão interna do governo cubano.

Opositores pedem auxílio para reformas “verdadeiras”

O Papa, porém, será instado pelos líderes da oposição cubana a se manifestar pela libertação dos atuais 58 presos políticos existentes no país e pelo aprofundamento das reformas.

Em entrevista a Zero Hora, o jornalista Guillermo Fariñas, que se notabilizou pelas seguidas greves de fome que realizou, não deixa por menos: Bento XVI deve ter “compromisso com os oprimidos, e não com os opressores”.

— Um dos deveres morais do Papa é pedir que os presos políticos sejam soltos e que haja tolerância em Cuba. Que as mínimas reformas até aqui realizadas sejam aprofundadas. Que os direitos humanos sejam respeitados no nosso país. Que os cubanos possam ir e vir — afirma ele.

A blogueira Yoani Sánchez não deixa por menos:

— Os mais iludidos até sonham com que a figura maior do Vaticano consiga o que deveria ser conseguido pela rebeldia popular: uma mudança verdadeira.

Polido como costumam ser os anfitriões, Raúl Castro comentou na sexta-feira as declarações do pontífice. Disse que o modelo cubano está se aperfeiçoando. Sendo assim, as ponderações papais serão ouvidas “com respeito”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário