sábado, 2 de junho de 2012

Ex-ditador Hosni Mubarak é condenado à prisão perpétua no Egito

Ex-presidente egípcio é acusado pela morte de manifestantes durante a Primavera Árabe

Ex-ditador Hosni Mubarak é condenado à prisão perpétua no Egito EGYPTIAN TV/AFP
Mubarak ficou mantido em uma maca dentro de uma cela durante a leitura do veredicto Foto: EGYPTIAN TV / AFP

O Tribunal Penal do Egito condenou o ex-presidente Hosni Mubarak à prisão perpétua neste sábado pelo massacre de civis durante os protestos da Primavera Árabe, no ano passado. O julgamento do ex-ditador de 84 anos durou 10 meses. O ministro do Interior de Mubarak, Habib el-Adli, recebeu a mesma pena. Já os filhos de Mubarak — Gamal e Alaa — foram absolvidos das acusações de corrupção.

Após o anúncio do veredicto, proferido pelo juiz Ahmed Refaat, teve início uma grande confusão no tribunal do Cairo, com socos e pontapés, além de gritos de ordem. Refaat ressaltou que o povo egípcio sofreu por 30 anos "sob a escuridão do regime de Mubarak".


Nas ruas, milhares de policiais continham manifestantes
Foto: MOHAMMED ABED / AFP
Mubarak, o primeiro líder da Primavera Árabe a ser julgado pelo próprio país, permaneceu em silêncio dentro de uma cela instalada no tribunal, deitado em uma maca. No entanto, seus filhos apresentavam nervosismo e círculos escuros ao redor dos olhos. Alaa, o mais velho, sussurrava versículos do Corão.

Milhares de policiais circundaram o prédio do tribunal para evitar que manifestantes e familiares dos mortos da Praça Tahrir se aproximassem. Centenas de pessoas ficaram do lado de fora ostentando bandeiras do Egito e pedindo justiça. Alguns atiravam imagens de Mubarak ao chão e pisoteavam-na.

Logo após a sentença, o ex-ditador retornou de helicóptero à prisão de segurança máxima de Tura, de acordo com a TV estatal egípcia.

Depois da revolução que derrubou Mubarak do posto que ocupava havia 30 anos, em fevereiro de 2011, a junta militar que assumiu o governo se viu forçada a colocar o ex-comandante no banco dos réus.

Acusado de corrupção e de envolvimento no assassinato de mais de 800 manifestantes durante a revolta popular que antecedeu sua queda, o “Rais” poderia ser condenado à morte, como pediam os promotores. Uma decisão contrária poderia despertar a ira nas ruas do Cairo semanas antes do segundo turno da eleição presidencial.

— Se Mubarak for considerado inocente, a violência será intensificada — afirmava Hani Shukrallah, editor do jornal Ahram Online.

Transmitidas na TV, as primeiras audiências, em agosto, atraíram milhões de espectadores e causaram surpresa por mostrar uma imagem oposta à do ditador cortejado internacionalmente e temido no Egito: o réu aparecia deitado sobre uma maca dentro de uma cela.

Cumprindo prisão preventiva em um hospital militar, Mubarak foi transportado de helicóptero até o tribunal, no subúrbio do Cairo.

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