Morte de criança atacada por cachorro expõe carência da rede hospitalar do Litoral Norte
Segundo diretor técnico do Hospital Santa Luzia, não há UTIs pediátricas e cirurgiões vasculares de Torres a Osório
O caso do menino Gustavo Luís Gomes de Souza, de cinco anos, que morreu após ser atacado por um cachorro em Capão da Canoa na terça-feira, revela uma carência do sistema de saúde do Litoral Norte. Conforme o diretor técnico do Hospital Santa Luzia, Nery Martins Neto, não há UTIs pediátricas e cirurgiões vasculares entre Torres e Osório.
Após o ataque de terça, em função da gravidade das lesões sofridas por Gustavo na região cervical, o menino, que teve rompidas a artéria carótida e a veia jugular, precisou ser removido de avião para Porto Alegre, a mais de 130 quilômetros de distância. Na Capital, após ser reanimado várias vezes, ele não resistiu e morreu.
— Foi feita uma clipagem para que fosse estancado o sangramento, mas seria necessária uma cirurgia de alta complexidade para reconstituir os vasos rompidos e restabelecer o fluxo sanguíneo — afirma Neto.
Após o ataque de terça, em função da gravidade das lesões sofridas por Gustavo na região cervical, o menino, que teve rompidas a artéria carótida e a veia jugular, precisou ser removido de avião para Porto Alegre, a mais de 130 quilômetros de distância. Na Capital, após ser reanimado várias vezes, ele não resistiu e morreu.
— Foi feita uma clipagem para que fosse estancado o sangramento, mas seria necessária uma cirurgia de alta complexidade para reconstituir os vasos rompidos e restabelecer o fluxo sanguíneo — afirma Neto.
O diretor, porém, salienta que, mesmo se houvesse um cirurgião vascular na região, a chance de sobrevivência de Gustavo continuaria sendo pequena:
— Ele perdeu muito sangue e teve três paradas cardiorrespiratórias quando ainda estava sendo atendido em Capão.
Presidente do Cremers vê insuficiência na estrutura de atendimento de emergência na região
O presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Dr. Rogério Aguiar, afirma que o órgão realizou, no verão 2010/2011, uma operação de fiscalização na estrutura de saúde do Litoral Norte e entregou, após o final da temporada, um relatório à Secretaria Estadual da Saúde.
— Detectamos várias insuficiências no aparato de atendimento de emergência ao longo das praias — disse Aguiar.
Para ele, o grande número de pessoas na região nesta época do ano torna necessária uma maior estrutura, com destaque para os setores de traumatologia, neurocirurgia e cirurgias de emergência, o que inclui cirurgiões vasculares. Também há necessidade de melhoria nas ambulâncias e nos equipamentos usados no atendimento de urgência.
Aguiar diz que o conselho está fazendo neste verão um novo levantamento no Litoral Norte, que só deve ficar pronto no final do mês. Por isso, afirma ele, ainda não é possível avaliar se houve uma melhoria significativa no sistema de saúde da região desde que o levantamento foi enviado à Secretaria da Saúde no ano passado.
Neste ano, o relatório do Cremers também será encaminhado a órgãos municipais, unidades de saúde, polícias rodoviárias e concessionárias de rodovias.
Sobre o caso da morte do menino atacado por um cão em Capão da Canoa, o presidente do Cremers afirma que o órgão não fez uma avaliação específica, mas destaca que, do ponto de vista do atendimento, a equipe médica deu ao paciente o encaminhamento correto em face das limitadas possibilidades.
A posição da Secretaria Estadual da Saúde
Procurada por ZH, a Secretaria Estadual da Saúde disse, por meio de nota, que o motivo da transferência de Gustavo para a Capital não foi a falta de UTI pediátrica na região, e sim a gravidade do caso, que exigia uma cirurgia de alta complexidade.
Leia a nota na íntegra:
A Secretaria Estadual da Saúde lamenta a morte do menino Gustavo Gomes de Souza e esclarece que foi feito todo o possível no atendimento da vítima. A transferência para Porto Alegre – ocorrida com o apoio da Brigada Militar – foi necessária devido à gravidade do caso.
A ausência de leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Pediátrica no Litoral Norte não foi o principal motivo da vinda à Capital. O caso exigia uma cirurgia emergencial de alta complexidade (rompimento de uma artéria), para o qual a criança chegou a ser encaminhada com a maior agilidade possível, contudo, acabou não resistindo.
Presidente do Cremers vê insuficiência na estrutura de atendimento de emergência na região
O presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Dr. Rogério Aguiar, afirma que o órgão realizou, no verão 2010/2011, uma operação de fiscalização na estrutura de saúde do Litoral Norte e entregou, após o final da temporada, um relatório à Secretaria Estadual da Saúde.
— Detectamos várias insuficiências no aparato de atendimento de emergência ao longo das praias — disse Aguiar.
Para ele, o grande número de pessoas na região nesta época do ano torna necessária uma maior estrutura, com destaque para os setores de traumatologia, neurocirurgia e cirurgias de emergência, o que inclui cirurgiões vasculares. Também há necessidade de melhoria nas ambulâncias e nos equipamentos usados no atendimento de urgência.
Aguiar diz que o conselho está fazendo neste verão um novo levantamento no Litoral Norte, que só deve ficar pronto no final do mês. Por isso, afirma ele, ainda não é possível avaliar se houve uma melhoria significativa no sistema de saúde da região desde que o levantamento foi enviado à Secretaria da Saúde no ano passado.
Neste ano, o relatório do Cremers também será encaminhado a órgãos municipais, unidades de saúde, polícias rodoviárias e concessionárias de rodovias.
Sobre o caso da morte do menino atacado por um cão em Capão da Canoa, o presidente do Cremers afirma que o órgão não fez uma avaliação específica, mas destaca que, do ponto de vista do atendimento, a equipe médica deu ao paciente o encaminhamento correto em face das limitadas possibilidades.
A posição da Secretaria Estadual da Saúde
Procurada por ZH, a Secretaria Estadual da Saúde disse, por meio de nota, que o motivo da transferência de Gustavo para a Capital não foi a falta de UTI pediátrica na região, e sim a gravidade do caso, que exigia uma cirurgia de alta complexidade.
Leia a nota na íntegra:
A Secretaria Estadual da Saúde lamenta a morte do menino Gustavo Gomes de Souza e esclarece que foi feito todo o possível no atendimento da vítima. A transferência para Porto Alegre – ocorrida com o apoio da Brigada Militar – foi necessária devido à gravidade do caso.
A ausência de leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Pediátrica no Litoral Norte não foi o principal motivo da vinda à Capital. O caso exigia uma cirurgia emergencial de alta complexidade (rompimento de uma artéria), para o qual a criança chegou a ser encaminhada com a maior agilidade possível, contudo, acabou não resistindo.
Atualmente, a referência de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Pediátrica para a Região do Litoral é a Capital. Em todo o RS, são 259 leitos deste tipo, 194 deles disponíveis para o Sistema Único de Saúde. É um esforço do Governo do Estado em ampliar cada vez mais esses números. Somente em 2011, foram criados 60 novos leitos de UTI (entre adulto, pediátrica e neonatal) no RS.
Além disso, a qualificação no atendimento no Litoral recebeu grande atenção para este veraneio. Foi ampliado o atendimento em traumatologia e neurocirurgia, com garantia de plantão 24 horas em traumatologia em Torres, Osório e Tramandaí, e dois plantões 24 horas em Capão da Canoa, para atendimento em traumatologia e neurologia. Estes plantões contarão com repasses durante todo o ano, benefício que possibilitará que atendimentos de média complexidade e alguns de alta possam ser feitos no Litoral, desafogando serviços de Porto Alegre.
Na área das urgências e emergências, foi reforçado o serviço nas estradas dos litorais Norte e Sul. São quatro viaturas para atendimento exclusivo nas estradas da região (BR-290, BR-101, RS-040, RS-030 e Estrada do Mar). Há ainda duas ambulâncias avançadas sediadas dentro dos municípios de Osório e Tramandaí para atendimento inter-hospitalar.
Na Atenção Básica, 32 municípios que são destinos de veraneio receberam um um investimento de R$ 2 milhões, com a finalidade de oferecer terceiro turno nos postos de Saúde, ampliação na distribuição de medicamentos e de ações de promoção de Saúde, como verificação de pressão arterial, testes para o diabetes, etc.

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