sábado, 30 de julho de 2011

TRÂNSITO

Sinaleira da 287 começa a operar neste sábado

O semáforo na BR-287, esquina com a Rua Heitor da Graça Fernandes, começa a operar no final da manhã deste sábado. O equipamento foi instalado na quarta-feira e está funcionando em amarelo intermitente para teste. No domingo, às 15h, uma mateada marcará a entrega.


CONGRESSO

Testemunhas de Jeová

Santa Maria sedia o Congresso Distrital das Testemunhas de Jeová neste sábado e domingo e de 5 a 7 de agosto, no ginásio do Centro de Educação Física da UFSM. A programação, aberta ao público, vai das 9h às 16h.


DOAÇÃO

Caian quer 100 mil amigos

Família alegretense faz campanha na Internet por mais doadores de medula óssea

Entre as tantas coisas que o tratamento contra a leucemia ensinou a Caian Thomas da Silveira e a sua família foi o valor da amizade. Quando o rapaz, aos 16 anos, soube que deveria iniciar a longa e trabalhosa terapia não faltaram mãos para confortá-los nem casas para hospedar a família do Alegrete em Santa Maria. Dois anos e meio depois, as amizades fortalecidas ou criadas durante quimioterapias e internações não parecem ter sido suficientes. Caian precisa que sua rede de amigos some 100 mil pessoas, para aumentar as chances de haver entre elas um doador de medula.

O rapaz não tem dúvidas de que isso vai acontecer. Nem sua família.

? Temos uma boa esperança! Certeza, na verdade, né, Caian? Nós vamos conseguir ? diz a mãe, Carmen.

A fé alimenta um sonho. Caian quer ser professor de física e mostra habilidade, calculando, de cabeça, a relação entre peso e altura para dosar a medicação que recebe. Para entrar na universidade, porém, ele luta contra o tempo. Em 30 meses, o jovem chegou a eliminar as células cancerosas. Mas, no início do mês, exames mostraram que a leucemia havia retornado, desta vez ao Sistema Nervoso Central.

A solução é o transplante de medula óssea. Os dois irmãos de Caian mostraram apenas 60% de compatibilidade. No Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) também não foi encontrado doador. A cura depende, então, da ampliação do número de possibilidades. A família está em campanha na Internet, enviando e-mails explicando o caso e pedindo que doadores se cadastrem no hemocentro mais próximo. As redes sociais Orkut e Facebook também ajudam a espalhar a ideia.

Não é a primeira campanha virtual dos Silveira. Logo após o diagnóstico, a família já fez mobilizações por doação de sangue em sua cidade de origem, Alegrete, e em Santa Maria.

? Faltou espaço no Hemocentro do Alegrete para armazenar tanto sangue ? conta Carmen.

Iniciativa ? Junto com outras mães de crianças e jovens com leucemia e linfoma (outro tipo de câncer), Carmen fundou uma associação para incentivar a doação.

? Não queremos ajudar só o Caian, mas todos os que precisam de doações, em todo o Brasil e até no mundo ? explica Carmen.

? E nós já conseguimos ajudar uma menina de Passo Fundo, de 10 anos. Um amigo se cadastrou por minha causa e foi compatível com ela. Agora, ela está curada ? relata Caian.


TEMPO

Chove, chuva...

Mais uma vez, chuva causa transtornos em Santa Maria

Casas onde a água entra por falta de escoamento ou estrutura e ruas onde o alagamento é tão natural quanto a chuva fazem parte da realidade de moradores de vários pontos de Santa Maria. A chuva de sexta-feira na Região Central acumulou água suficiente para trazer à tona transtornos, infelizmente, já costumeiros.

A Rua Pará, no Parque Pinheiro Machado, ficou alagada mais uma vez. A via não tem calçamento nem rede de esgoto. Um dos moradores da rua, o advogado Leandro Rovedder, 32 anos, afirma que, em dias de chuva, os vizinhos evitam sair para não molhar os pés na água e no esgoto, que corre a céu aberto.

? É impossível caminhar. Não temos calçada, e a água bate na canela cada vez que chove. Tentamos por diversas vezes resolver o problema com a prefeitura, mas, a cada visita, nos é dada uma desculpa ? conta.

O secretário de Infraestrutura e Serviços, Tubias Calil, afirma que a principal dificuldade é a deficiência de maquinário. Ele promete que, na próxima semana, devem começar a chegar equipamentos comprados pela prefeitura. Também serão lançados programas para instalar esgoto cloacal e pluvial e asfaltar ruas.

No bairro Nova Santa Marta, a água invadiu o pátio e algumas residências na Rua E, do Loteamento Dezoito de Abril. Conforme a moradora Fabiana Flores, 26 anos, a rua havia sido calçada com pedras. Entretanto, a água da chuva soltou o calçamento, dando à água livre acesso aos terrenos.

Pela janela ? Quem também sofreu com a chuva foram os moradores das casas-contêineres, na Vila Brenner, onde vivem famílias removidas de zonas de risco. A chuva entrou pelas janelas, que não têm vedação.

Durante a sexta-feira, a chuva totalizou 33 milímetros em Santa Maria. A temperatura não variou muito, oscilando entre 13,9ºC e 17,4ºC, de acordo com a Central de Meteorologia da RBS. Para o fim de semana, a chuva deve persistir e as temperaturas, caírem, em todo o Estado. Confira a previsão completa na contracapa.
 

ACIDENTE

Viga cai sobre pedreiro em obra

Operário de 48 anos quebrou o antebraço, mas passa bem

Uma viga de concreto com cerca de 5 toneladas caiu sobre o braço do pedreiro Paulo Roberto Nunes Pacheco, 48 anos, por volta das 7h45min de sexta-feira, em uma obra na Rua do Acampamento, entre as ruas Tuiuti e Pinheiro Machado. Pacheco quebrou o antebraço. Ele foi socorrido pelo Samu, encaminhado ao Hospital Universitário (Husm), medicado e liberado por volta do meio-dia.

O engenheiro responsável pela obra, Márcio Novak, afirmou que, no momento do acidente, a viga estava escorada no chão no sentido horizontal, perto da parede, e teria caído sobre o trabalhador. Pacheco e outros operários recolhiam britas no entorno da viga quando ela teria pendido para o lado e caído. A vítima ficou parcialmente sobre a estrutura, que foi retirada de cima dele pelos colegas. A obra, que é executada pela empresa C2 Engenharia, começou há cerca de seis meses e tem 30 funcionários.

Conforme Novak, a empresa está prestando ao operário os cuidados médicos necessários, além de fornecer medicamentos. Pacheco deverá ficar afastado ao menos um mês.
 
 

CAMPANHA

Pare para aderir a esta ideia

Adesivagem será neste sábado

Elas representam em torno de 20% da frota de Santa Maria. São mais de 23,3 mil motocicletas, motonetas e ciclomotores circulando diariamente pelas ruas do município, conforme dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), de junho deste ano. Por isso, o Dia do Motociclista, comemorado em 27 de julho, será marcado por uma blitz de conscientização na cidade neste sábado. A promoção é da Rádio Atlântida FM e faz parte da campanha Viva a Faixa ? com respeito, a vida é mais bonita.

No Estado, do total de acidentes de trânsito que resultaram em mortes, de janeiro a maio (962), 21% (203) tiveram motos envolvidas. Para tentar frear as mortes, a ação terá o apoio dos motogrupos Gaudérios do Asfalto e Panteras Cor de Rosa.

? Nada melhor do que os próprios motociclistas para darem o exemplo ? diz o coordenador de eventos da Atlântida Santa Maria, Tiago Rodrigues, sobre a ideia de envolver os motogrupos.

Os integrantes dos grupos estarão distribuindo cerca de 300 adesivos da Viva Faixa aos motociclistas que quiserem aderir à campanha. A iniciativa será na Avenida Presidente Vargas, entre as ruas Floriano Peixoto e Serafim Valandro, em frente à Bramoto, das 15h às 16h. A unidade móvel da rádio estará no estacionamento externo da loja animando o pessoal.

A Gerência Municipal de Trânsito deve disponibilizar agentes para controlar o fluxo no local.



DILERMANDO

A festa do colono

Município festeja o Dia do Colono e do Agricultor

O motor da economia de Dilermando de Aguiar, a agricultura, será motivo de festa neste domingo, no interior do município. A Festa do Colono, que está na 6ª edição, e a Feira de Economia Solidária reúnem as famílias que vivem e trabalham em Dilermando, em São Martinho da Serra e nos distritos São Valentim e Boca do Monte, em Santa Maria. O Dia do Colono é comemorado em 25 de julho, e o do agricultor, no dia 28.

A programação começa às 9h, com a abertura. Em seguida, há um desfile de produtores, máquinas, carretas e cavaleiros. Após a abertura da Feira de Economia Solidária, em que 12 famílias irão expor produtos coloniais, ocorre um almoço.

A tarde promete ser o auge do evento, com as Olimpíadas Rurais. Os competidores participam em seis modalidades, como corrida com carrinho de mão e corte com serrote. Está previsto também o voo de paraglider de um atleta de São Pedro do Sul.

Os eventos ocorrem no salão paroquial da localidade de Sobradinho, no interior de Dilermando, a quatro quilômetros da BR-158, próximo ao CTG Tropeiro Velho.
MAIS
Carro
Na abertura oficial da Feira de Economia Solidária de Dilermando de Aguiar, um carro recém-adquirido pela Secretaria de Agricultura do município será entregue simbolicamente aos agricultores. O veículo será usado para o trabalho dos técnicos agrícolas no interior
 
 

MATÉRIA

O medo como vizinho

Em setembro de 2008, uma cratera de nove metros de profundidade e sete metros de diâmetro formou-se em frente ao Edifício Júpiter, localizado na Rua Daudt, quase esquina com a Dona Luíza, vizinho a uma sanga canalizada. A cratera foi fechada por uma equipe da prefeitura, mas, em abril deste ano, o solo voltou a ceder e, ainda que não haja um buraco visível, qualquer um percebe que a calçada está afundando.

? A gente sabe de tantas tragédias por aí. Não há como não sentir medo. O meu apartamento é alugado, mas tudo o que eu tenho está dentro dele, isso sem contar a vida da gente ? diz a professora Zélia de Fátima dos Reis, 40 anos, moradora do edifício há nove anos.

A autônoma Rejane Brum, 56 anos, dona de um apartamento do primeiro andar chegou a procurar um engenheiro, devido às rachaduras que apareceram na parede. Segundo ela, o profissional afastou qualquer risco.

? Mas não afastou o medo da gente ? ressalta Rejane.

No prédio Netuno, vizinho ao local, parte do piso da garagem afundou.

? Não estamos com receio de que o prédio caia, porque sabemos que ele foi bem construído. Mas há um risco de prejuízo com os automóveis ? diz o morador Cláudio Rosa, 59 anos, corretor de imóveis.

Rosa comunicou a Secretaria de Infraestrutura e Serviços e a Defesa Civil sobre o problema em abril e aguarda uma solução para o caso.
 
 

Um susto e tanto

Moradora da Rua General Neto, a dona de casa Maria Elenir Kuster, 64 anos, guardava lenha em uma peça nos fundos de sua casa. Em 2009, quando ela foi pegar uma tora, percebeu que o chão tinha rachaduras:

? Quando vi, afundou tudo.

A esperança da família é que a prefeitura resolva o problema. Porém, segundo o secretário de Infraestrutura e Serviços, Tubias Calil, como a casa é cercada de imóveis e não há espaço para caminhões entrarem no pátio, pelo menos por enquanto, não há como recuperar a canalização. De acordo com Tubias, há outras casas na General Neto que enfrentam problema semelhante.

? Já moramos aqui há uns 40 anos. Quando viemos para cá, quase não havia prédios e ruas. Tinha muito mato e banhado. Nossa casa foi construída sob uma sanga, mas, como estava tudo canalizado, nunca imaginamos que teríamos problemas ? afirma dona Maria.
Fique atento!
- De acordo com o coordenador do Procon de Santa Maria, Vitor Hugo do Amaral Ferreira, quem comprar apartamentos ou casas construídos em áreas sobre córregos que apresentarem defeitos tem de seguir alguns passos:
1) Formalizar a reclamação junto à construtora, via e-mail ou ofício. No caso do e-mail, é preciso pedir uma confirmação de recebimento e, no do ofício, é necessário fazer duas vias e pedir que quem recebê-lo assine uma delas, que fica guardada com quem está reclamando
2) Se a reclamação não adiantou, é hora de procurar o Procon, levando o comprovante de reclamação junto à construtora
3) O Procon formaliza uma reclamação. Um ofício é encaminhado pelo órgão ao fornecedor do imóvel, notificando-o sobre a reclamação. A contar do recebimento, a construtora ou o fornecedor do imóvel tem 10 dias para encaminhar suas alegações e, se tiver interesse, apresentar uma proposta de acordo
4) Diante da resposta, o consumidor tem 30 dias para aceitar o acordo ou, se estiver descontente, procurar o Judiciário em busca de ressarcimento
- O Procon fica na Avenida Rio Branco, 639, fone (55) 3217-1286. Mais informações pelo procon@santamaria.rs.gov.br
 
 

IDEIAS

Medicação do sofrimento

Se a dor de existir é inerente ao sujeito e a harmonia plena é uma ilusão, o uso abusivo de antidepressivos é consequência da banalização do conceito de depressão

A depressão e o uso indiscriminado de antidepressivos é uma questão séria. O conceito da doença e o uso dessa medição são frequentemente banalizados. Dessa maneira, corre-se o risco de se pensar que todo sofrimento ou toda tristeza são sintomas da doença. São importantes duas ressalvas: primeiro, investigar se a pessoa está sofrendo de depressão ou melancolia; segundo, saber se se trata de sintomas decorrentes de outras doenças de causa orgânica ou psíquica.

O Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-IV) e a Classificação Internacional das Doenças (CID 10) dissolveram a melancolia na depressão, dando origem a impasses que precisamos enfrentar. A depressão e a melancolia podem estar sendo tratadas como sinônimos, ora como fenômenos com campos semânticos distintos. É preciso distinguir ?a natureza dessas duas produções psicopatológicas, examinando as semelhanças e diferenças entre elas, no sujeito e no fenômeno? (ver Berlinck e Fédida, pág 9).

O DMS-IV não deve ser aplicado mecanicamente por indivíduos inexperientes. As categorias diagnósticas, os critérios e as descrições se destinam a ser empregados por médicos com treinamento clínico apropriado e com experiência em diagnóstico. Os critérios incluídos no DSM-IV visam a servir como diretrizes que serão moduladas pelo julgamento clínico, não devendo ser usados como um ?livro de receita?.

Além de alertar contra uma aplicação mecânica ? a simples identificação de critérios diagnósticos ?, as instruções do DMS-IV indicam que a avaliação clínica deve ser multiaxial: uma avaliação de diversos eixos contextuais que possam vir a compor o quadro clínico, como os problemas psicossociais e ambientais, e a avaliação global do funcionamento, que se destina a identificar com que intensidade os sintomas afetam a funcionalidade do indivíduo.

O que diz a psicanálise?
 

Do ponto de vista psicanalítico, cabe distinguir ?depressões episódicas? de depressão de origem ?estrutural?. As depressões eventuais se caracterizam por crises depressivas, que ocorrem na vida das pessoas com estrutura neurótica comum. Entre elas, estão crises originadas em perdas de difícil ou de impossível elaboração, conflitos, fracassos que a pessoa não consegue enfrentar etc. Esse tipo de depressão afeta o estado psíquico das pessoas em situações de crises comuns da existência.

Conforme a avaliação do ?suporte? do sujeito (com conhecimento de sua história de vida, ausência de indícios suicidas e demonstrações de motivação e esperança de melhoras em quadros de tristeza e abatimento), o tratamento psicoterapêutico, nesses casos específicos, pode ocorrer sem uso de drogas. Claro, cada caso é um caso, por isso, precisa ser bem avaliado e acompanhado pelo especialista.

Embora, em psicanálise, não haja consenso do que seja um sujeito depressivo, propõe-se outro tipo de depressão ?estrutural?, vinculada à estruturação do sujeito ? este seria o ?sujeito depressivo?. Essa é a posição defendida pela psicanalista Maria R. Kehl. A depressão seria caracterizada por uma posição subjetiva, em que a pessoa, desde a infância, em vez de enfrentar os conflitos da vida (desde o Complexo de Édipo), recua diante deles. Ela pode ser incentivada a esse recuo por uma supermãe ou por uma família exageradamente protetora.

Para Kehl, ?a depressão tem muito mais a ver com excesso de proteção, de segurança garantida por aqueles que cercam a criança?. Por isso, ela acaba não indo para a luta; luta pela vida, pois encontrou um lugar ?seguro?, de proteção e aconchego. Isso não significa dizer, em psicanálise, que o destino de todo sujeito que tem proteção dessa natureza será um deprimido. Porém, desde Freud, sabe-se que é a partir da infância que nos estruturamos enquanto sujeitos: seja como neurótico, psicótico ou perverso.

Em termos de melancolia, a autora esclarece que, ao contrário do que muitos pensam ? de que o depressivo é uma pessoa que viveu situações de abandono, indiferença por parte dos familiares e falta de amor ?, isso tem mais a ver com o diagnóstico de melancolia, que, embora similar, não constitui depressão. Nessa visão, o uso de antidepressivos revela que são relativamente eficazes na inibição de sintomas considerados típicos da depressão. Porém, ao mesmo tempo, sintomas considerados típicos da melancolia não são afetados por esses medicamentos (ver Berlinck e Fédida, pág 9).

Tanto o luto quanto a melancolia são ?reações diante de uma perda significativa (...) se o luto implica um trabalho de elaboração frente a uma perda significativa, não sendo, em princípio, patológico, na melancolia não há a possibilidade de simbolizar a perda, tratando-se de uma perda de natureza mais ideal? (ver Siqueira, pág 72-73).

O uso indiscriminado de antidepressivos
Da banalização do conceito de depressão ao uso indiscriminado de antidepressivos, foi apenas um passo. Não se condena o uso de antidepressivos prescritos responsavelmente por psiquiatras, sobretudo, avessos à pressão dos laboratórios e da indústria farmacêutica. O que se reprova é seu uso indiscriminado e descontextualizado. Ainda que os antidepressivos sejam de fundamental importância para o tratamento, jamais serão capazes de suplantar a história de vida singular de um sujeito e aplacar ou suprimir experiências conflitivas internas, crises existenciais da condição humana, perdas significativas, fracassos, insuficiências e vulnerabilidades. Nesse sentido, verifica-se a importância do tratamento por meio de profissionais especializados.

A abordagem predominante da depressão se apoia no paradigma naturalista-biologicista, proporcionado pelo avanço da neurociência. Há um elevado investimento de laboratórios e da indústria farmacêutica, fortalecido pela biologização do comportamento e pela medicalização da afetividade. Os laboratórios e suas publicidades criam expectativas nas pessoas com relação aos resultados benéficos da medicação. No uso abusivo de antidepressivos, desconsidera-se o aparato teórico que precede a compreensão da necessidade de uma intervenção medicamentosa ou não, transformando-se em uma concepção reducionista e de senso comum.

Há muitas prescrições abusivas de antidepressivos por médicos não habilitados. Ao tratar sobre o uso abusivo dos antidepressivos e as falhas nos diagnósticos de quem sofre de depressão, a pesquisa de Lívia Brum afirma que o uso incorreto dessas drogas pode produzir apenas uma satisfação artificial: ?o que acontece é que o paciente toma o remédio e passa a se contentar com a realidade sem que tenha havido uma melhora real das circunstâncias?. A autora salienta que o tratamento não é somente receber a prescrição médica e tomar o remédio. Ou seja, não se deve simplesmente reduzir a compreensão do sofrimento psíquico à química cerebral dos indivíduos.

No mundo atual, onde se demandam respostas rápidas e milagrosas, o sujeito deprimido, já descrente da validade das terapias, busca desesperadamente aplacar o vazio de seu desejo passando por vários tipos de tratamento, sem se dar conta de que o que importa é se deparar com suas experiências subjetivas para poder interroga-se e resignificar seu sofrimento. Lembre-se: a dor de existir é inerente ao sujeito. A cultura do bem-estar e da harmonia plena é uma ilusão moderna absurda, não há ciência nem remédio que cure. A dor na depressão, por incrível que pareça, pode ser transformada em força derivativa de uma mudança constante e significativa na experiência de vida das pessoas.

1 *? Psicólogo. Professor e assistente do curso de Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Ulbra/SM
 

2 *? Enfermeira do Hospital Universitário (Husm/UFSM) e professora da URI/Santiago
 

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