sexta-feira, 12 de agosto de 2011

INVESTIGAÇÃO

A prova: um fio de cabelo

Por meio de exame de DNA, a Polícia Civil chegou ao autor de crime

Parado desde o início de 2010 em uma gaveta da 4ª Delegacia de Polícia Civil (4ª DP) de Santa Maria, o inquérito de um assassinato está prestes a ser concluído graças a um exame de DNA. Diante do resultado do teste feito pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), um homem, cujo um fio de cabelo foi encontrado na cena do crime, confessou a autoria de um possível latrocínio (roubo com morte), ocorrido na véspera de Natal de 2009. Foi assim mesmo, aos moldes de uma produção cinematográfica. Os estudos genéticos na raiz capilar de Enio Bueno da Silva, 48 anos, fizeram com que ele declarasse, na última sexta-feira, que matou seu tio, o pedreiro e vigilante Erli da Silva Lopes, 53 anos. Enio se apresentou à polícia sem advogado.

Na noite do crime, por volta das 21h30min de 24 de dezembro de 2009, Lopes foi morto em um prédio que estava em construção, no bairro Camobi. O crime foi descoberto apenas às 11h do dia seguinte. Desde então, buscas, pistas e depoimentos foram levantados pela 4ª DP, mas não foram conclusivos. Há uma semana, quando foi ouvido pela polícia, Enio contou que desferiu quatro golpes de faca em seu tio porque a vítima não teria pago uma dívida de R$ 300. O pedreiro e vigilante foi atingido por facadas na mão direita, no pescoço e no peito.

O cenário do local era de sangue por todo os lados, um corpo no chão e muitas dúvidas. A ocorrência, que ainda é tratada como um latrocínio, teve seu desfecho com a finalização do trabalho do IGP, entregue à 4ª DP em 7 de julho. Desde esse dia, por questões administrativas e pela dificuldade de encontrar Enio para intimá-lo a depor, o inquérito ainda seguia em aberto. Após a confissão de Enio na sexta passada, a delegada substituta da 4ª DP, Elizabete Shimomura, aguarda alguns procedimentos para esclarecer os últimos pontos do caso e indiciá-lo.

? Deve ser (indiciado) por homicídio doloso qualificado, com agravante de motivo fútil ou torpe, ou por latrocínio ? explica a delegada, referindo-se ao sumiço de um celular da cena do crime, além dos R$ 300 que teriam sido roubados da vítima após a morte.

O fio de cabelo ? Inquieto com o mistério envolto no crime, à época titular da 4ª DP, o delegado Cesar Renan Rodrigues dos Santos resolveu voltar à cena do crime quatro dias depois. E foi nessa ocasião que ele avistou, preso à parede e ao reboco de cimento, o cabelo. Ao enxergar a prova cabal a 82 centímetros do chão, o delegado não hesitou e enviou o material ao IGP, na Capital, para perícia. A conclusão da análise teve um hiato de quase 18 meses (leia texto ao lado), mas a presença do DNA de Enio na cena do crime o incriminou, conforme ele mesmo afirmou após ser questionado pela polícia. No depoimento da semana passada, Enio também admitiu que as pegadas no local eram suas.

? Vi aquele material e coletamos no local do crime porque estava junto à porta de entrada de onde a vítima foi encontrada. Foi como se alguém saísse rápido, e entendemos que aquilo poderia ser do autor. Esse resultado nos traz a sensação de dever cumprido ? comemora Santos, hoje à frente da Delegacia de Trânsito de Santa Maria.

? Havia pele, pelos e o cabelo dele (Enio) na parede. Diante da prova irrefutável, ele não teria como negar (que matou Lopes) ? complementa a delegada Elizabete.

Nenhum comentário:

Postar um comentário