segunda-feira, 12 de março de 2012

Com o objetivo de elevar em 5% o PIB, novo plano industrial gaúcho irá beneficiar 22 setores


Tarso Genro vai apresentar no dia 29 programa que pretende transformar inovação em marca registrada de sua gestão


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Quinze meses depois da posse, o governo Tarso Genro vai anunciar à sociedade aquilo que pretende transformar em marca registrada: uma política industrial que enfrente a letargia da economia gaúcha e, paralelamente, alavanque a estratégia de marketing de vincular a sua gestão ao desenvolvimento e à inovação.
Com lançamento agendado para o dia 29, a política industrial de Tarso tem como meta manter o crescimento do PIB gaúcho acima do nacional, com expectativa de elevação na casa dos 5% em 2012.
Coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, a elaboração do pacote de medidas consumiu oito meses, demandando 130 reuniões com 572 pessoas de variados setores.
O trabalho de campo — impulsionado pela aplicação de 12 critérios que avaliaram fatores como capacidade de geração de renda, grau de investimento e retorno em impostos — permitiu a identificação das 22 áreas mais relevantes da economia. Elas foram divididas pelo governo em "economia tradicional" e "nova economia".
A partir do debate com especialistas, o governo conseguiu listar as medidas do pacote para os nichos selecionados, desde o financiamento de impostos e renúncia fiscal por meio de programas como Fundopem e Integrar, até ações relacionadas à qualificação profissional, promoção da pesquisa, desburocratização de procedimentos legais — sobretudo junto à Fepam — e busca de novos mercados.
A intenção é acoplar os ramos considerados da "nova economia" — onde se destacam a indústria naval, plantas de geração de energia eólica e parques tecnológicos — aos setores da economia tradicional. A indústria metalmecânica deve ser das mais beneficiadas, valendo-se da possibilidade de produzir componentes para as empresas de alta tecnologia.
O pacote de medidas ainda mira a solidificação da economia do futuro no Estado, em substituição a alguns setores que parecem estar com os dias contados. Também será feita uma tentativa de salvar nichos que vivem em permanente crise, como o coureiro-calçadista e os frigoríficos.
— Há uma preocupação em apoiar as empresas já instaladas. A maioria delas é viável. Mas há setores deprimidos e alguns não devem conseguir se manter — avalia o secretário de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Mauro Knijnik.
Para técnico, meta é "muito otimista"
Tarso diz que a política industrial se propõe a quebrar um paradigma: sai de cena a avidez pela atração de multinacionais que montem e distribuam os seus produtos a partir do Estado. A meta, agora, é trazer pequenas e médias empresas de alta tecnologia, que fabriquem componentes de valor agregado em solo gaúcho.
— O período (das multinacionais) está totalmente ultrapassado, não quer dizer nada para o futuro do país — diz Tarso.
— Eu tenho a expectativa de que ao final do primeiro mandato Tarso vai ser reconhecido como o governador do desenvolvimento e da inovação — aposta Knijnik.
Especialista em gestão pública da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Alfredo Meneghetti Neto considera exagerada a previsão de crescimento de 5% do PIB gaúcho em 2012.
Meneghetti ressalta fatores que deverão travar o índice, como a estimativa de perdas de R$ 5 bilhões no campo em decorrência da seca, a acomodação da construção civil e a queda das exportações para a Europa, ainda sob forte efeito da crise econômica:
— Acho 5% muito otimista. Creio que o Estado deverá ter um crescimento próximo do brasileiro, em torno de 4%.


Cartas na manga: os instrumentos transversais
Fundopem — Ferramenta para atração de investimentos em que o Estado financia o ICMS incremental (o acréscimo produzido pelas medidas, em relação ao valor recolhido antes do benefício).
As empresas tradicionais podem financiar até 90% do pagamento do imposto incremental, enquanto as cooperativas podem financiar até 100%. Os benefícios podem se estender por até oito anos, a carência é de cinco anos e o prazo de pagamento é de até oito anos.
Integrar — As empresas contempladas no Fundopem, por meio do Integrar, poderão se beneficiar com o abatimento de até 75% nas parcelas do financiamento.
Fundopem para centros de pesquisa e desenvolvimento — Oferece abatimento de até 5% no ICMS devido. Também assegura a remuneração dos funcionários de empresas lotados em centros de pesquisa com foco em inovação pelo prazo de dois anos.
Pró-inovação — Política do Estado para incentivar empresas que têm gastos correntes, como remuneração de profissionais e patrocínio de pesquisas, para manter atividades inovadoras. É oferecido abatimento de até 75% do ICMS incremental gerado pela atividade de inovação. O benefício é válido por três anos, renovável por igual período.
RS Tecnópole — Disponibilização de recursos que financiem a estruturação de parques tecnológicos no Estado.

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