sábado, 21 de abril de 2012

"Só pensei que iria morrer", conta pintor que caiu de uma altura de 20 metros e sobreviveu


Clênio Luiz de Angeli, de 36 anos, sofreu acidente quando pintava a fachada de um prédio


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Em um leito do Hospital de Pronto Socorro de Canoas, para onde foi transferido do município de Parobé após sofrer uma queda do sétimo andar de um prédio, o pintor Clênio Luiz de Angeli, 36 anos, recupera-se de uma cirurgia e ainda se mostra surpreso por estar vivo. Na quarta-feira, ele despencou de uma altura superior a 20 metros quando pintava a fachada de um prédio.

Pintores sobrevivem ao cair de andaime em Parobé

A corda que segurava o andaime de metal onde ele estava com um colega se rompeu quando eles se encontravam entre o sétimo e oitavo andar. O outro trabalhador, Cristiano da Silva, 27 anos, ficou pendurado e não se feriu com gravidade. Clênio afirma ter se salvado ao cair primeiro sobre uma guarita de fibra em vez de ter se chocado diretamente contra o chão. Depois do acidente, foi transferido para o HPS de Canoas, onde foi logo levado à emergência e recebeu os primeiros atendimentos. Na noite de quarta, foi encaminhado ao bloco cirúrgico para uma operação de duas horas. Internado em um quarto, com estado de saúde estável, ele respondeu a algumas perguntas de ZH encaminhadas por e-mail. Confira a entrevista concedida pelo pintor:

O que o senhor estava fazendo no momento da queda?
Eu tinha começado o trabalho logo cedo, por volta das 7h30. Tanto eu como o meu colega estávamos com o equipamento de segurança, principalmente o cinto que é colocado como uma espécie de "cadeirinha" para praticar esportes. O cinto estava preso pelas costas e quis trocar o gancho, para ficar mais confortável. Foi nesse momento que vi o gancho que prende o andaime lá em cima, no último andar se romper. Estava com a corda na mão quando isso aconteceu. Foi muito rápido. Tentei me segurar mas já era tarde.

Chegou a perceber que havia algo errado antes de o andaime se soltar?Não. O andaime era o mesmo desde segunda-feira, não havia nada de errado. Estava bem firme.

O que passou pela sua cabeça neste momento?Só pensei que iria morrer. Estava em uma altura de mais ou menos 20 metros, você não pensa outra coisa.

Se lembra do momento da queda? Alguma imagem ficou gravada na sua memória?Lembro daquele momento da estrutura se rompendo. Depois a única imagem que ficou na minha memória foi a do meu colega pendurado no andaime. Foi tudo muito rápido, uma fração de segundos. Fiquei preocupado com ele, mas acho que ele ficou muito mais preocupado comigo.

Ficou consciente depois da queda?
Sim, o tempo todo. Lembro da queda, de tudo. Lembro também de estar com muita dor na hora em que caí. Foi um milagre. Depois fiquei consciente o tempo inteiro, quando fui internado no Hospital em Parobé, do trajeto até Canoas...

Quando se deu conta de que havia sobrevivido a uma queda tão grande?
Quando vi os bombeiros chegando para me salvar. Estava com muita dor naquela hora, mas agradeci por estar vivo. Eles chegaram muito rápido. Tanto eles como o Samu. Depois olhei pra cima e lá de baixo vi os bombeiros salvando meu colega. Fiquei aliviado por isso também. Em 10 anos de trabalho coom pintor, foi meu primeiro acidente de trabalho.

O que acha que lhe salvou?
Com certeza foi a guarita onde caí. Acho que foi "Deus" aquela guarita estar ali, porque ela estava desativada há muito tempo. E caí precisamente onde deveria, porque se fosse no telhado eu teria quebrado ele e chegado ao chão. E se fosse no chão, direto, seria ainda pior porque ali há piso colocado. Então caí perto do muro e foi isso que me salvou. Até o material ajudou, porque essa guarita é feita de fibra.

Como está se sentindo agora?
Ainda sinto dor, mas estou aliviado com certeza. Quando penso na altura só vejo que foi mesmo um milagre eu estar vivo. Nasci de novo.

Pretende voltar a trabalhar em grandes alturas?
Ainda vou pensar, mas acredito que não. Trabalho agora, só em prédio pequeno ou casa. A gente ganha mais por estar nas alturas, mas o chão é mais seguro e acho que é por ali mesmo que vou trabalhar daqui em diante.

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